I - Escola da Vida

O mundo é uma escola onde cada aluno tem uma lição diferente. Para uns a lição é fácil, tudo dá certo, tudo caminha direitinho, é um mar de rosas. Para outros não é bem assim, o sujeito luta a vida inteira, e cada vez fica mais difícil a sobrevivência. Não é que esse tenha menos inteligência ou seja mais azarado ou mais devagar que o outro, é que parece que o mundo conspira contra ele.

Enquanto para o primeiro tudo dá certo, o que lhe vem à cabeça para fazer, que para muitos parece que não tem como dar certo um negócio doido desse, para ele tudo conspira favoravelmente, e dá tão certo, que até ele próprio se admira. Se faz alguma coisa até sem pensar, sem programar, pode ter certeza que vai dar certo. Você não conhece pessoas assim?

Mas para o coitado do segundo, tudo é complicado. Ele planeja, pensa, repensa, traça os planos, trata as pessoas com o maior carinho, trabalha com vontade de acertar, mas quase chega no final.

Ele é o indivíduo do quase. Quase deu certo, quase fechou o negócio, aquele problema foi quase resolvido (favoravelmente), porque para dar errado, não precisa nem ser muito adivinhador para saber.

Quando a pessoa não tem a felicidade de ser, vou chamar aqui de sortudo, sua vida é cheia de altos e baixos, mais baixos do que altos. É uma pessoa que as vezes, trabalha mais, tem até carisma mais que o outro, trata as pessoas melhor que o outro, não é burro, luta com todas as forças que tem, e chega quase a se realizar.

Conheço pessoas dos dois lados. Tem uma dessas pessoas, muito próspera, diria que é um sortudo mesmo. Não vou aqui neste texto, tratar de religião e nem quem o abençoa. Mas trata-se de um comerciante, que pela ética de negócios, não era pra dar certo de jeito nenhum. Pense num sujeito que trata os clientes de qualquer maneira, não atende com carinho, se quiser comprar está aí, se não quiser pode deixar que vem outro e compra, meu preço é esse. Vira as costas e vai saindo. Qualquer um de nós estria pensando que o comprador foi embora, não é mesmo? Pois o comprador foi atrás e comprou pelo preço dele. Sem agrado, sem cortesia, sem atenção. Você deve estar pensando que o comercio dele é alimentação, remédios, bebidas, roupas, relógios. Não meu amigo, ele compra e vende carros novos e usados; casas, terrenos, sítios, apartamentos, qualquer mercadoria. Quando chega alguém querendo (precisando) vender alguma dessas mercadorias para ele, chega a dar dó dessa pessoa. Ele não dá atenção, oferece um valor que as vezes não chega a ser a metade do preço real da mercadoria, deixa o cliente lá e vai atender outro, fala ao telefone, vai ao toalete, não fala mais da compra como se não houvesse interesse. O coitado do vendedor fica até sem jeito de voltar ao assunto do negócio.

Mas o vendedor, infelizmente pertence ao outro lado das pessoas. Ele para ter chegado ali, já passou em vários lugares oferecendo a tal mercadoria que ele, por motivos, que não são de sua vontade, porque ninguém vende alguma coisa, só por vender; vende pela necessidade de arrumar outra situação, acabou chegando naquele Fulano que oferece algum dinheiro, mesmo que não seja o esperado, mas resolve sua situação.

Assim é o que acontece com pessoas que infelizmente não são do grupo dos afortunados, dos sortudos. Vendem coisas que não querem vender, pensam que aplicando em outra coisa vai dar certo, vai melhorar; às vezes até pedem conselhos a pessoas mais experientes, fazem tudo direitinho, colocam até a alma naquele negócio, no final, dá errado, ficou no quase. E não adianta dizer que se ele tivesse feito assim ou assado, teria dado certo; é um fardo que ele carrega e quando se dá conta, está no fim da jornada, não dá mais tempo para a nada.

Porque estou escrevendo um texto desses? Pois está falando o óbvio, a vida sempre foi assim. Uns nascem para dar certo, outros pra dar errado. Desde que o mundo é mundo que existem pessoas ricas e pessoas pobres. Pessoas que nascem pobres e ficam riquíssimas e pessoas que nascem em um lar rico e acabam em nada. É dessas pessoas que eu quero comentar.

Nos meus setenta e poucos anos de vida, já vi muita coisa acontecer. Por exemplo, vi gente que eram funcionários de fazendas, e hoje os filhos são daquele primeiro grupo de pessoas já mencionado aqui. São afortunados, honestos, abençoados, como disse anteriormente, sem uma religião definida, porém abençoados. Vi também grandes famílias de antigamente, que tinham as maiores fazendas e hoje, os filhos e netos são funcionários ou chacareiros das mesmas. Agora cheguei ao ponto que sempre tive vontade de falar, A HERANÇA. Falarei no próximo capítulo.

Rio Claro, 14 de março de 2018.

Luiz Antônio Piccoli.

Luiz Antonio Piccoli
Enviado por Luiz Antonio Piccoli em 15/05/2018
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