Periquito-verde

E aquele pássaro,

monogâmico que é,

passou todo o resto da sua vida,

procurando sua companheira,

sem saber que ela

havia sido morta

por um caçador.

No início,

ele piava todo o tempo,

enquanto sobrevoava

tudo que é lugar,

na esperança de que

ela o escutasse.

Cantou tanto o periquito,

que ficou rouco,

mas tão rouco,

até que perdeu totalmente

a sua capacidade de piar.

Daí para frente,

ele passou a espalhar

suas penugens,

depois suas penas,

arrancando uma a uma,

na esperança de que ela visse,

pelo menos uma delas,

flutuando por aí.

E o reconhecesse nela.

De pena em pena,

ele perdeu

a capacidade de voar.

E passou a caminhar

por todo o mundo

procurando-a

até o fim.