O MENINO E O PASSARINHO
Ele nem tentava mais, pois sabia que não adiantava pedir, chorar, espernear ou implorar. Seus pais não permitiam mesmo. O menino era criado preso dentro de casa. Só lhe era permitido saí para a escola e para a igreja. Qualquer lugar que fosse somente ia acompanhado dos pais.
Cada dia o menino se fechava mais no seu pequeno mundo. Televisão, ele até assistia, mas somente dez minutos de jornal. Na escola e menino era espancado pelos coleguinhas e toda vez que apanhava se isolava num canto e não revidava. Na igreja, apenas repetiam alguns gestos tímidos feitos por todos. Em casa, quase não falava e quando ensaiava alguns vocábulos, era repreendido pelos pais.
— Primeiro os adultos, Menino!
O menino quase não sabia nem mesmo seu nome. Era sempre chamado de Menino.
Se mostrando preocupado com o comportamento do menino, os pais resolveram agir e tiveram a ideia de conseguir um amiguinho para o filho, mas como não poderia ser gente, já que gente não era amiga, decidiram comprar um passarinho.
O menino ficou meio feliz com a chegada do amiguinho e até brincava um pouco com a ave.
— Agora, Menino, arranje um nome para seu amigo...
Passados alguns dias e nada do nome para o amigo, o pai questionou o menino sobre o nome para o passarinho. Vinham dias e iam dias e nada de um nome, até que o pai resolveu pressionar:
— Ou um belo nome para ele ou uma bela surra para você!
Na manhã do dia seguinte, o menino bateu na porta do quarto dos pais. O pai, ao abri-la deparou com o menino cheio de entusiasmo:
— Papai, já sei qual o nome para o meu passarinho!
— E como será, menino?
— Pensei colocar Amigo, mas vai se chamar Passarinho!
O pai que nunca deixara a imaginação do filho criar asas se zangou com o nome que o menino dera ao passarinho e espancou o menino dizendo que a surra foi pela falta de criatividade. Temendo outra surra o menino fugiu, ganhou o mundo levando o passarinho.