Bartolomeu Fagundes por Lauro Pinto
Filho de Emídio da Rocha Fagundes que foi intendente de Natal de 1919 a 1921 e neto do Vigário Bartolomeu. Em 1931 foi nomeado escrivão do Terceiro Cartório Judiciário de Natal, permanecendo no cargo até 1945, quando se aposentou, sendo substituído pelo filho Armando Fagundes.
Leia o que disse o advogado, escritor e historiador Lauro Pinto no programa “Memória Viva” da TV Universitária, em 27.03.80, sobre Bartolomeu Fagundes:
Ah! Bartolomeu Fagundes “comia uma água” danada. Era um homem que merecia um livro. Pai do escrivão Armando Fagundes.
Uma vez, foi ao mercado, viu umas laranjas pequenas e grandes. Ele começou a tirar as grandes e a mulher disse:
- Só vendo as grandes com as pequenas.
- Minha senhora, eu não quero comprar as pequenas, eu só quero as grandes.
- Não, só vendo assim.
- Diga-me uma coisa. Quanto é tudo?
- É tanto.
Bartolomeu pagou, e pegou as laranjas pequenas e jogou na parede: Pá, pá, pá... (risos).
O pai de Bartolomeu morreu perto do carnaval. Saiu pela rua e encontrou a turma dele bebendo cerveja.
- Bartolomeu, sente aqui.
- Não posso, não posso, meu pai morreu há poucos dias, eu não posso.
- Mas Bartolomeu, venha aqui, venha, venha...
Diante da insistência da turma, ele finalmente concordou:
- Está bem, mas só se for cerveja preta, estou de luto, só bebo se for cerveja preta.
Acabou com a cerveja preta de Natal.
Bartolomeu era maçom com especial dedicação à Maçonaria. Muito generoso com os menos favorecidos.
Conta o escritor José Melquíades de Macedo que, certa vez caminhava Bartolomeu Fagundes subindo a rua Junqueira Áires, numa neblina fina e fria, sob a proteção do guarda-chuva convenientemente armado.
Recebendo no rosto e nos andrajos os borrifos gelados, aproximou-se dele uma pobrezinha mendigando uma esmola. Como não dispusesse, no momento, de um centavo, apresentou-lhe o guarda-chuva, e disse:
- Tome, é só o que eu tenho nessa manhã de chuva; leve-o que eu posso comprar outro.
A mulher ganhou um guarda-chuva e ele ganhou um resfriado.