O SONHO DE UM CORONEL MACHISTA 21º EPISÓDIO
Segunda feira antes de o sol raiar Nicó saltou da cama, dirigiu até senzala entrou no seu grande refeitório e convidou todos os escravos a se reunirem para uma prosa.
-- Cumo todos voismiceis tão sabeno meu pai me passou o comando da fazenda, Barba Ruiva foi simbora, pra onde ieu nun sei, tumem nun priciso sabê, o mió de tudo é qui voismiceis ficaro livre das mardade dele é isso qui importa. Ieu vô pidi pra tudos voismiceis culaborá no trabaio, pra nun sê priciso de ninhum sê castigado. Meu pai ieu já discutimo e até brigemo um montão de vês pur ieu nun concordá cas barbaridade quele mandava o capataz fazê cum voismiceis. De hoje indiente ninhum de voismiceis, vai sê marrado no tronco e nem vai apanhá de chibata, ma pra isso nun cuntecê é priciso de cada um fazê a parte dele, vice. Cumo voismicêis tudo iscuitô o coroné dizê onte, o castigo a parti dagora vai sê cuele, ma ele num pensa cumo ieu, é meu pai, ma na verdade coroné Certorio é mau e num perdoa ninguém. Ieu nun quero vê nium de voismiceis sê castigado.
Todos os escravos ficaram irradiantes de alegria com a prosa do filho do coronel. Ele dividiu as tarefas a ser executadas, colocando para cada grupo um escravo mais experiente para coordenar o trabalho. Ao tomar conhecimento dessa organização, o coronel Certorio fingiu estar de acordo aprovando sua atitude. Demonstrou uma falsa satisfação. O bem estar de seus escravos jamais fez parte de seus planos.
Desde a perda se seu capaz o Barba Ruiva, os trabalhos na fazenda andavam meio desordenados. O capataz para obter um bom resultado desça chibata por nada. Os escravos trabalhavam tensos pelo medo, forçados pouco produziam, e muito apanhava.
Notava-se certo contentamento no coronel, se sentido livre para levar avante seu romance com a bela jurema. Assim que o almoço ficou pronto, ele tratou de levá-lo ao Terencio, na famosa arrancação de ervas, só voltaria à boca da noite como afirmou. Levou uma rapadura, um queijo e uma penca de bananas para a merenda da tarde. Recomendou a Inácia que fabricasse uma boa porção de requeijão e colocasse numa tigela para ser levado ao Terencio no dia seguinte, terça feira, junto com o seu almoço.
Os trabalhos lá na Bocaina também corria com a normalidade costumeira. O pistoleiro Dentuço que lá, era chamado por seu nome próprio “Venâncio”, cumpriu seu plano como havia comentado com o coronel Certorio, levantou antes do planeta Venus conhecido como estrela Dalva, surgir no horizonte. Era por ele que os escravos orientavam o horário de atrelar os bois no engenho e dar inicio a moagem da cana.
Então bem antes que ele aparecesse, Venâncio levantou pé ante pé e cumpriu seu objetivo, indo ao curral. Colocou o pó de erva daninha, no cocho d’água mexeu bastante com um pedaço de madeira até sentir que estava bem misturado. Voltou para a cama, o velho Miro nem percebeu sua movimentação. O pistoleiro parecia um gato, que tem as plantas dos pés aveludadas, e caminha espreitando sua presa sem fazer nenhuma bulha.
Mais tarde no horário certo lá estava ele cuidando das taxas de garapa, sem que ninguém suspeitasse de sua armação. Precavido para não ser visto pelo boi pretête que o odiava, ele evitou sair do galpão de apuração enquanto ele cumpria sua tarefa puxando o engenho. Venâncio contava com a morte certa do animal quando bebesse da água envenenada.
Assim que os escravos encerraram a moagem e desatrelaram as parelhas de bois que puxavam o engenho, sedentos eles correram ao curral indo direto para o cocho d’água, mas pretête foi mais rápido quase voado ele chegou primeiro, enfiou os chifres de baixo para cima no cocho e a exemplo do que fizera com tira teima lá no circo, ele o atirou muitos metros à frente entornaram toda a água. Espiando por uma fresta da casa de apuração o pistoleiro assistiu a sena e ficou perplexo com a atitude do boi. Mas como havia bastante esterco já bem triturado no curral, ninguém percebeu que havia erva na água, sendo ela em pó, assimilou com facilidade ao esterco.
Venâncio logo percebeu que sua empreitada era mais difícil do que se imaginava. Tudo parecia conspirar contra seu objetivo. Quando uma coisa não dava certas as palavras de sua mãe vinham à tona em sua mente cobrando sua conversão e a sua mudança de vida.
Na primeira tentativa o feitiço virou conta o feiticeiro e quem levou o pior foi seu contratante. Ele matou os capangas do coronel Certório. Agora o boi entorna o cocho de veneno preparado para matá-lo. Mas ele não se deu por vencido. A pescaria estava dando um bom resultado era farta, e através dela, ele esperava concluir sua empreitada. Sua única preocupação era o enigma envolvendo aquele maldito boi. Seria ele um diabo em forma de boi, com quem o coronel Tiburcio teria um pacto?
Naquela sua vida de crimes sertão afora ele conheceu diversos coronéis que possuía seus diabinhos, mas sempre em forma de mosquito e preso em frascos de vidro. Enquanto o boi pretête andava livre cobrindo as vacas pela vizinhança e sem causar qualquer dano a quem quer que fosse. Ademais na fazenda Bocaina a prática religiosa era uma exigência, de seu proprietário. No domingo as orações aos três acanjos na capela da fazenda era um ritual indispensável todos participavam apenas ele o Venâncio tentava escapar saindo logo sedo como fez no domingo anterior. O primeiro após ser contratado. Mas Prudêncio o avisou que no próximo logo de manhã antes de tudo ele teria que visitar a capelinha.
Segunda feira era mais um dia que chegava ao fim com o sol prestes a ser engolido pelo horizonte, Dusanjo saltou da carruagem conduzida pelo cocheiro de seu avô materno. Saudosa, após abraçar os pais e os padrinhos Prudêncio e Inhá chica, sua primeira atitude foi correr ao encontro da vaca mimosa, que já nem criava mais, velhinha, mas bem cuidada em um estábulo vip construído especialmente para ela. Um gesto de gratidão do coronel Tiburcio para com ela que lhe deu tanto lucro. Além do famoso boi pretête considerado como touro mágico. E uma numerosa descendência bovina de boa raça enriquecendo o rebanho da fazenda Bocaina. Mas o mais importante e que o coronel mais prezava foi pelo leite que amamentou Dusanjo desde seu primeiro dia de vida. O mesmo dia que nasceu sua cria mais nobre. O boi pretête, que dividiu com Dusanjo até o próprio colostro.
Lá no pasto muito distante quando ele percebeu que Dusanjo estava no estábulo acariciando a mãe dele, a vaca mimosa, ele veio saltando e dando pinotes numa alegria imensa.
No exato momento que Venâncio deixava a casa de apuração em direção á palhoça do velho Miro aonde se hospedava. O pretête dava seu shwoo de boas vindas para sua irmã de leite, a deusa filha do coronel. Assustado com a atitude do animal ele voltou apavorado e escondeu na casa de apuração de onde tinha saído. Só mais tarde à noite quando tudo se acalmou com o pretête bem longe ele seguiu pra casa. Quando então o velho Miro perguntou:
--Voismicê hoje trabaiô inté bem mais tarde feis mais rapadura que notros dia?
--Inhantes fosse sinhô Miro, foi aquele mardito boi, ieu tô pensano qui vô tê de larga mão do sirviço, mode ele, o mardito num pode mim vê, logo qui ieu saí do sirviço mode vim pra cá ele arrancô La do mei do pasto sartano, cu rabo sungado in forma de caracó e dano pinote,
--Ah mais intão a Dusanjo vortô! Aquilo nun é purcaso de voismicê nun sinhô, toda veis qui ela vai pra longe e demora vortá, quando chega ele fais ua festa danada do jeitinho qui voismicê ta cuntano, pode percurá sabê, ieu qaranto quela chegô, já teve veis dela i passiá e demorá, ele sartava tudo qui era cerca ia adonde ela tava.
--Ieu vi memo ua carruage diferente chegano lá no currá a dispois saiu de vorta.
--Deve de sê do avô dela, o pai de sinhá Maricota, tem cubertura azur cus rabiscos vermeio se tem é a dele memo?
-É isso memo do jieitinho qui o sinhô ta dizeno!
-- Pode ficá sussegado intonse aquilo é puro festejo num é pra voismicê de manera niuma.
-Óia sinhô puracaso esse boi nun é um diabo, sinhô Miro, sinhô mora aqui indesde novo deve de sabê. Ieu já trabaei pra arguns coroné qui tumaro parte cum diabo e qui pussuía um capitinha preso in vidro, era iguar musquito. Nun será o do coroné Tiburcio in forma de boi?
--Óia voismicê nun deve nem pensá nisso quanto mais falá, ieu vi esse boi nascê e foi no memo dia qui Dusanjo nasceu tumem os dois mamaro do memo colostro e foro criado cu o memo leite é purisso quez tem esse agarramento um cuoto, nun é nada do qui voismicê tá imaginano. Diz qui quem mama colostro, fica incorajado e tem o corpo fechado.
Segunda feira antes de o sol raiar Nicó saltou da cama, dirigiu até senzala entrou no seu grande refeitório e convidou todos os escravos a se reunirem para uma prosa.
-- Cumo todos voismiceis tão sabeno meu pai me passou o comando da fazenda, Barba Ruiva foi simbora, pra onde ieu nun sei, tumem nun priciso sabê, o mió de tudo é qui voismiceis ficaro livre das mardade dele é isso qui importa. Ieu vô pidi pra tudos voismiceis culaborá no trabaio, pra nun sê priciso de ninhum sê castigado. Meu pai ieu já discutimo e até brigemo um montão de vês pur ieu nun concordá cas barbaridade quele mandava o capataz fazê cum voismiceis. De hoje indiente ninhum de voismiceis, vai sê marrado no tronco e nem vai apanhá de chibata, ma pra isso nun cuntecê é priciso de cada um fazê a parte dele, vice. Cumo voismicêis tudo iscuitô o coroné dizê onte, o castigo a parti dagora vai sê cuele, ma ele num pensa cumo ieu, é meu pai, ma na verdade coroné Certorio é mau e num perdoa ninguém. Ieu nun quero vê nium de voismiceis sê castigado.
Todos os escravos ficaram irradiantes de alegria com a prosa do filho do coronel. Ele dividiu as tarefas a ser executadas, colocando para cada grupo um escravo mais experiente para coordenar o trabalho. Ao tomar conhecimento dessa organização, o coronel Certorio fingiu estar de acordo aprovando sua atitude. Demonstrou uma falsa satisfação. O bem estar de seus escravos jamais fez parte de seus planos.
Desde a perda se seu capaz o Barba Ruiva, os trabalhos na fazenda andavam meio desordenados. O capataz para obter um bom resultado desça chibata por nada. Os escravos trabalhavam tensos pelo medo, forçados pouco produziam, e muito apanhava.
Notava-se certo contentamento no coronel, se sentido livre para levar avante seu romance com a bela jurema. Assim que o almoço ficou pronto, ele tratou de levá-lo ao Terencio, na famosa arrancação de ervas, só voltaria à boca da noite como afirmou. Levou uma rapadura, um queijo e uma penca de bananas para a merenda da tarde. Recomendou a Inácia que fabricasse uma boa porção de requeijão e colocasse numa tigela para ser levado ao Terencio no dia seguinte, terça feira, junto com o seu almoço.
Os trabalhos lá na Bocaina também corria com a normalidade costumeira. O pistoleiro Dentuço que lá, era chamado por seu nome próprio “Venâncio”, cumpriu seu plano como havia comentado com o coronel Certorio, levantou antes do planeta Venus conhecido como estrela Dalva, surgir no horizonte. Era por ele que os escravos orientavam o horário de atrelar os bois no engenho e dar inicio a moagem da cana.
Então bem antes que ele aparecesse, Venâncio levantou pé ante pé e cumpriu seu objetivo, indo ao curral. Colocou o pó de erva daninha, no cocho d’água mexeu bastante com um pedaço de madeira até sentir que estava bem misturado. Voltou para a cama, o velho Miro nem percebeu sua movimentação. O pistoleiro parecia um gato, que tem as plantas dos pés aveludadas, e caminha espreitando sua presa sem fazer nenhuma bulha.
Mais tarde no horário certo lá estava ele cuidando das taxas de garapa, sem que ninguém suspeitasse de sua armação. Precavido para não ser visto pelo boi pretête que o odiava, ele evitou sair do galpão de apuração enquanto ele cumpria sua tarefa puxando o engenho. Venâncio contava com a morte certa do animal quando bebesse da água envenenada.
Assim que os escravos encerraram a moagem e desatrelaram as parelhas de bois que puxavam o engenho, sedentos eles correram ao curral indo direto para o cocho d’água, mas pretête foi mais rápido quase voado ele chegou primeiro, enfiou os chifres de baixo para cima no cocho e a exemplo do que fizera com tira teima lá no circo, ele o atirou muitos metros à frente entornaram toda a água. Espiando por uma fresta da casa de apuração o pistoleiro assistiu a sena e ficou perplexo com a atitude do boi. Mas como havia bastante esterco já bem triturado no curral, ninguém percebeu que havia erva na água, sendo ela em pó, assimilou com facilidade ao esterco.
Venâncio logo percebeu que sua empreitada era mais difícil do que se imaginava. Tudo parecia conspirar contra seu objetivo. Quando uma coisa não dava certas as palavras de sua mãe vinham à tona em sua mente cobrando sua conversão e a sua mudança de vida.
Na primeira tentativa o feitiço virou conta o feiticeiro e quem levou o pior foi seu contratante. Ele matou os capangas do coronel Certório. Agora o boi entorna o cocho de veneno preparado para matá-lo. Mas ele não se deu por vencido. A pescaria estava dando um bom resultado era farta, e através dela, ele esperava concluir sua empreitada. Sua única preocupação era o enigma envolvendo aquele maldito boi. Seria ele um diabo em forma de boi, com quem o coronel Tiburcio teria um pacto?
Naquela sua vida de crimes sertão afora ele conheceu diversos coronéis que possuía seus diabinhos, mas sempre em forma de mosquito e preso em frascos de vidro. Enquanto o boi pretête andava livre cobrindo as vacas pela vizinhança e sem causar qualquer dano a quem quer que fosse. Ademais na fazenda Bocaina a prática religiosa era uma exigência, de seu proprietário. No domingo as orações aos três acanjos na capela da fazenda era um ritual indispensável todos participavam apenas ele o Venâncio tentava escapar saindo logo sedo como fez no domingo anterior. O primeiro após ser contratado. Mas Prudêncio o avisou que no próximo logo de manhã antes de tudo ele teria que visitar a capelinha.
Segunda feira era mais um dia que chegava ao fim com o sol prestes a ser engolido pelo horizonte, Dusanjo saltou da carruagem conduzida pelo cocheiro de seu avô materno. Saudosa, após abraçar os pais e os padrinhos Prudêncio e Inhá chica, sua primeira atitude foi correr ao encontro da vaca mimosa, que já nem criava mais, velhinha, mas bem cuidada em um estábulo vip construído especialmente para ela. Um gesto de gratidão do coronel Tiburcio para com ela que lhe deu tanto lucro. Além do famoso boi pretête considerado como touro mágico. E uma numerosa descendência bovina de boa raça enriquecendo o rebanho da fazenda Bocaina. Mas o mais importante e que o coronel mais prezava foi pelo leite que amamentou Dusanjo desde seu primeiro dia de vida. O mesmo dia que nasceu sua cria mais nobre. O boi pretête, que dividiu com Dusanjo até o próprio colostro.
Lá no pasto muito distante quando ele percebeu que Dusanjo estava no estábulo acariciando a mãe dele, a vaca mimosa, ele veio saltando e dando pinotes numa alegria imensa.
No exato momento que Venâncio deixava a casa de apuração em direção á palhoça do velho Miro aonde se hospedava. O pretête dava seu shwoo de boas vindas para sua irmã de leite, a deusa filha do coronel. Assustado com a atitude do animal ele voltou apavorado e escondeu na casa de apuração de onde tinha saído. Só mais tarde à noite quando tudo se acalmou com o pretête bem longe ele seguiu pra casa. Quando então o velho Miro perguntou:
--Voismicê hoje trabaiô inté bem mais tarde feis mais rapadura que notros dia?
--Inhantes fosse sinhô Miro, foi aquele mardito boi, ieu tô pensano qui vô tê de larga mão do sirviço, mode ele, o mardito num pode mim vê, logo qui ieu saí do sirviço mode vim pra cá ele arrancô La do mei do pasto sartano, cu rabo sungado in forma de caracó e dano pinote,
--Ah mais intão a Dusanjo vortô! Aquilo nun é purcaso de voismicê nun sinhô, toda veis qui ela vai pra longe e demora vortá, quando chega ele fais ua festa danada do jeitinho qui voismicê ta cuntano, pode percurá sabê, ieu qaranto quela chegô, já teve veis dela i passiá e demorá, ele sartava tudo qui era cerca ia adonde ela tava.
--Ieu vi memo ua carruage diferente chegano lá no currá a dispois saiu de vorta.
--Deve de sê do avô dela, o pai de sinhá Maricota, tem cubertura azur cus rabiscos vermeio se tem é a dele memo?
-É isso memo do jieitinho qui o sinhô ta dizeno!
-- Pode ficá sussegado intonse aquilo é puro festejo num é pra voismicê de manera niuma.
-Óia sinhô puracaso esse boi nun é um diabo, sinhô Miro, sinhô mora aqui indesde novo deve de sabê. Ieu já trabaei pra arguns coroné qui tumaro parte cum diabo e qui pussuía um capitinha preso in vidro, era iguar musquito. Nun será o do coroné Tiburcio in forma de boi?
--Óia voismicê nun deve nem pensá nisso quanto mais falá, ieu vi esse boi nascê e foi no memo dia qui Dusanjo nasceu tumem os dois mamaro do memo colostro e foro criado cu o memo leite é purisso quez tem esse agarramento um cuoto, nun é nada do qui voismicê tá imaginano. Diz qui quem mama colostro, fica incorajado e tem o corpo fechado.