O SONHO DE UM CORONEL MACHISTA 19º EPISÓDIO
O domingo amanheceu um dia lindo, a noite caiu uma chuva mansa e copiosa daquelas de lavar até a alma. Quando o velho Miro saltou da cama, Venâncio já tinha passado o café e estava preparando seu material de pesca.
--Bom dia Venâncio, imaginei qui voismicê ia apruveitá mais a cama, hoje é domingo num tem percisão de saí tão cedo. Ieu acabei Drumino um poco mais a chuva tava boa pur dimais ieu fiquei apriciano ela e pirdi o sono quando cunsigui drumi os galo da fazenda já tava amiudano sua cantiga.
--Hoje sinhô Miro ieu to quereno subi o rio de novo,intonse vô mais cedo dexei uas coisa lá na lapa do sangradô, tem arguns mantimento. Se nun gastá vai acabá perdeno, vô trazê mode voismicê apruveitá.
--Voismicê num vai dexa pra dispois do armoço, divia cumê primero pra dispois saí, Já visitô a capela dos arcanjos?
-- Nun sinhô ieu num sei rezá qui vô fazê lá se num sei rezá?
- É ma pra o coroné isso num importa tudo mundo tem de visitá ela no Dumingo inhantes de mais nada.
-- Ninguém mim contô nada disso, e a dispois Ieu hoje vô passa mais um tempo purlá, faço o de cumê lá memo, minha tráia de cuzinhá ta lá. Dispois ieu vô rancá as raiz qui fartô, pro sinhô. A raiz de pé de perdiz, naquele otro dia ieu nun ranjei, fica mais nas banda donde tem campo mais limpo. Na parte da tarde desço pescano, a boquinha da noite tô chegano pur aqui.
Ainda era muito cedo quando o Dentuço desceu o pequeno declive entrou na sua canoa e subiu rio acima na direção de seu esconderijo. E qual na foi à surpresa quando lá chegou, assim que saltou de sua pequena embarcação ouviu miados de onça vindos da direção da cabana, situada acerca de cem metros acima. Entrou na gruta e apanhou sua carabina, imaginando que seria seu dia de sorte.
Há tempos ele tentava abater uma onça pintada, cujo coro muito valioso foi recomendado por um magnata extrangeiro, marido de una granfína exigente e nojenta, que queria a pele de uma onça pintada, custasse como custasse. O homem era amigo de um coronel ex patrão de Dentuço que lhe delegou essa missão.
Dirigindo na direção da cabana, de onde se ouvia os miados percebeu que algo muito estranho havia acontecido, aonde era para ser um montão de cinza, cresceu um pequeno bosque com apenas três arvores enormes cobertas por um grande cipóseiro florido e exalando um odor horrível. O mesmo odor de carne humana sendo consumido pelo fogo, sentido por ele a pouco mais de uma semana. Sobre o cipóseiro ouvia-se uma luta travada entre, provavelmente dois cães e um felino de grande porte.
Dentuço ao ouvir aquele barulho quase ensurdecedor. Por momentos esqueceu completamente que ali a menos de dez dias, três corpos foram incinerados por ele de forma macabra, naquela cabana abandonada. Tentou visualizar os animais brigões, conseguia ver apenas meros lampejos. Dando para perceber que naquela visão ilusória, era os mesmos animais que o deixou sem pelos dias atrás, ao passar sobre ele, como a sombra quente expelida por um vulcão. Mirando sua arma naquele bolo invisível ele apertou o gatilho, o estampido ecoou no boqueirão do rio e pela mata adentro como o estrondo de um trovão. Em seguida bateu o silencio total. Ouvia-se apenas a suave leveza da brisa roçando na verdejante mata.
Mas a exemplo do que ocorreu com o coronel Certorio em sua fazenda, quando os animais apareceram a ele, saindo de seu estábulo. A munição continuava intacta na arma também. Ele a guardou em seu esconderijo. nem percebeu que ela continuava carregada. Naquele momento meio aéreo, veio a sua mente a imagem de sua mãe implorando para que ele abandonasse aquela vida de crimes. Imaginariamente ele pediu perdão a ela, afirmando ser tarde demais. Seu caminho era sem volta e sua única opção era seguir em frente.
Dirigindo ao rio encheu uma cabaça e um cantil de água. E retornou à gruta. Preparou o seu almoço, arroz bastante ensopado com torresmo e algumas bananas de um cacho já com a maioria passadas do ponto. Logo após saciar sua fome, sentado no chão, ele espichou as pernas recostando no barranco de pedras e adormeceu.
Já passava das onze horas quando acordou com coronel Certorio cutucando sua costela com o bico da bota:
-- Acorda; óia o troco da cama Dentuço! Vamo prusiá home, ieu tenho mais o qui fazê dispois! Voismicê pode drumí o resto do dia ieu não, pois tenho muito o qui fazê nun sô cumo voismicê!
-- óia coroné ieu acabei de cumê e passei pru unha madorna, nem pricibi voismicê chegá nun sinhô!
Tá bão ma vamo no qui interessa, o qui voismicê tem pra mim dizê já cunsiguiu butá erva na ração do boi mardito, cunforme pranejô, e os pexe pra famia do home tá ino tudo cumo pranejô tumem?
-- óia coroné aquel tar de pretête é o capeta in forma de boi, ieu mun cunsigo chegá nem perto dele, ele me persegue de longe parece qui tem faro de cachorro, é sinti qui tô nun lugá quarqué já cumeça bufá insurtano cumo se ieu fosse um boi pronto mode brigá cuele. Agora a fia do coroné nun tá lá não. Dissero qui ta pra casa da vó dela, deve vortá essa semana. Ma voismicê fique tranqüilo, qui breve vai dá tudo certo, ieu boto veneno pra todo mundo, e a erva do boi ieu já tô cuela no jeito, sequei as foia e fiz o pó, vô butá no cocho d’água, o danado é o mió puxadô de ingenho qui tem lá, vai sê facim na hora qui sortá ele, vai direto bebê água ieu vô levanta mais cedo qui os muedô de cana e ponhá o pó de erva na água quando sortá ele no final da muaje vai sê tiro e queda era ua veiz um boi mardito. Agora o pexe vô dexa eze ficá bem custumado aí vai sê dua veizada só tudo mundo vai morrê duma veiz.
Inhantes de onte coroné tava ieu lá infornano a massa de rapadura, tumei um susto danado, intirtido no sirviço quando intrô a vossa mucama, aquela qui voismicê mim prometeu, intrô preguntano pru Prudêncio, dizeno quera pramode ele i prusiá ca inaça qui foi lá visita a irmã dela. Ela zoiô ieu e falô:
– Foi pra voismicê mais coroné Certorio qui sirvi café la in Morrinhos!
- ieu não, sinhorinha inganô, ma ela temô qui era ieu memo, aí ieu falei deve sê meu irmão geme nois é a cara um o fucim do outro parece quela acriditô!
-- voismicê tem certeza disso Dentuço. Nun se inganô?
-- Inganei nun sinhô ela foi cum vosso fio cumo é memo o nome dele é Nicó?
-- Nun posso crê qui Nicó mim traiu desse jeito, indo lá atrais daquela mardita, quando Barba Ruiva diz quele tava deitano o zóio parriba dela ieu maginei quele tava era mangano, ma intão é verdade, que mais qui voismicê viu pur lá ele intrô na cas do mardito?
Intrô sim sinhô, Ma o qui se deu lá dento ieu num pude vê donde ieu tava sô via a carruage, ma qui o coroné Tiburcio mais sinhá Maricota acumpanhô as visita inté na carruage isso ieu pude vê, inté quando se dispidiro pegano na mão.
-- Mardição ieu traído pur meu próprio fio, ah ma a mardita da inaça vai vê cumo é bão disobecê minha orde ela vai arrependê de tê nascido; ah se vai!
--Ma coroné ela nun é vossa cuzinhera, nun carece de voismicê cuidá mode ela sê perduada, castigano cum mais trabaio, arguns coroné pra quem ieu já trabaiei castigava o cativo era dobrano o sirviço, dava mais risurtado, tinha lucro dobrado, e num istragava os iscravo, eze dizia qui iscravo chicutiado rindia poco e dava prijuizo.
--Pode inté sê Dentuço ma cumigo é na chibata memo tem de apanhá e trabaiá dobrado. Ma agora dispois dessa má nutiça ieu vô trata de i se simbora, voismicê cuntinua cu seu prano vici. Inda agora cum essa qui Nicó mim aprontô quero voismicê junto cumigo mais ligero pussíve, mode impô pus iscravo o memo respeito queze tinha do Barba Ruiva, o Nicó ta dexano eze nua forgança danada tudo na corda bamba, cum voismicê eze vai vê o qui vai sê bão pra tosse, i cum quantos ponto se custura ua gereba.
Agora ieu tem de i, inté dumingo Dentuço e fica de zóio bem aberto nos mardito lá da Bocaina.
-- Intonse ieu acumpanho voismicê inté dispois da mata mais fechada, vô no campo mais limpo arrancá as raiz pro veio Miro, inquantisso nois vai prusiano. O coroné viu o qui acunteceu no lugá da cabana?
-- Tem nada lá não só um montão de cinza moiada cua chuva dessa noite, passei lá berano vi nada não!
- Que isso coroné tem treis arves cum ciposero gigante inrriba, ieu atirei nuns bicho qui tava garrado de briga inrriba das latadas de cipó, qué vê ieu inté vô carrega minha carabina de novo-, uai coroné o tiro tá do memo jeito, qui mixida é essa?
-- voismicê sonhô isso Dentuço quando ieu intrei aqui na gruta, voismicê roncava tanto qui imaginei quera um macaco guariba macho.
--Ieu coroné coisa qui nun faço é roncá!
--É... Intonse dotra veis vô te acordá nun é cu bico da bota não vai sê cas ispóra na custela, custei acordá voismicê, vai-me dizê qui num ronca e qui nun sonhô!
- foi sonho num sinhô coroné, assim qui ieu cheguei, fui direto lá dispois fiz o meu de cumê e drumi insiguida, taveno ai a cuia mais a cuié inda nem lavei, tá no memo lugá, do giitinho qui voismicê me acordô tamo prusiano inté agora. Ma vamo sai daqui pra fora da gruta e vamo lá mode vê.
Conferindo o local estava exatamente como o coronel afirmou, um montão de cinza molhada pela chuva.
--Ma num é pussive coronè ieu num tô ficano ruim da idéia num sinhô e num foi sonho só pode sê sombração memo.
--Óia Dentuço ieu só num vô duvidá de voismicê, pruquê ieu tumem vi os animar-. Nun só vi cumo tumém atirei neze igurazinho voismicê as balas tumem ficô do memo giitinho na minha pistola... Ma vamo isquecê essa histora, vai caça as raiz qui voismicê pricisa e dexa ieu e simbora qui tem qui acertá o disafôro qui inaça mim aprontô.
O domingo amanheceu um dia lindo, a noite caiu uma chuva mansa e copiosa daquelas de lavar até a alma. Quando o velho Miro saltou da cama, Venâncio já tinha passado o café e estava preparando seu material de pesca.
--Bom dia Venâncio, imaginei qui voismicê ia apruveitá mais a cama, hoje é domingo num tem percisão de saí tão cedo. Ieu acabei Drumino um poco mais a chuva tava boa pur dimais ieu fiquei apriciano ela e pirdi o sono quando cunsigui drumi os galo da fazenda já tava amiudano sua cantiga.
--Hoje sinhô Miro ieu to quereno subi o rio de novo,intonse vô mais cedo dexei uas coisa lá na lapa do sangradô, tem arguns mantimento. Se nun gastá vai acabá perdeno, vô trazê mode voismicê apruveitá.
--Voismicê num vai dexa pra dispois do armoço, divia cumê primero pra dispois saí, Já visitô a capela dos arcanjos?
-- Nun sinhô ieu num sei rezá qui vô fazê lá se num sei rezá?
- É ma pra o coroné isso num importa tudo mundo tem de visitá ela no Dumingo inhantes de mais nada.
-- Ninguém mim contô nada disso, e a dispois Ieu hoje vô passa mais um tempo purlá, faço o de cumê lá memo, minha tráia de cuzinhá ta lá. Dispois ieu vô rancá as raiz qui fartô, pro sinhô. A raiz de pé de perdiz, naquele otro dia ieu nun ranjei, fica mais nas banda donde tem campo mais limpo. Na parte da tarde desço pescano, a boquinha da noite tô chegano pur aqui.
Ainda era muito cedo quando o Dentuço desceu o pequeno declive entrou na sua canoa e subiu rio acima na direção de seu esconderijo. E qual na foi à surpresa quando lá chegou, assim que saltou de sua pequena embarcação ouviu miados de onça vindos da direção da cabana, situada acerca de cem metros acima. Entrou na gruta e apanhou sua carabina, imaginando que seria seu dia de sorte.
Há tempos ele tentava abater uma onça pintada, cujo coro muito valioso foi recomendado por um magnata extrangeiro, marido de una granfína exigente e nojenta, que queria a pele de uma onça pintada, custasse como custasse. O homem era amigo de um coronel ex patrão de Dentuço que lhe delegou essa missão.
Dirigindo na direção da cabana, de onde se ouvia os miados percebeu que algo muito estranho havia acontecido, aonde era para ser um montão de cinza, cresceu um pequeno bosque com apenas três arvores enormes cobertas por um grande cipóseiro florido e exalando um odor horrível. O mesmo odor de carne humana sendo consumido pelo fogo, sentido por ele a pouco mais de uma semana. Sobre o cipóseiro ouvia-se uma luta travada entre, provavelmente dois cães e um felino de grande porte.
Dentuço ao ouvir aquele barulho quase ensurdecedor. Por momentos esqueceu completamente que ali a menos de dez dias, três corpos foram incinerados por ele de forma macabra, naquela cabana abandonada. Tentou visualizar os animais brigões, conseguia ver apenas meros lampejos. Dando para perceber que naquela visão ilusória, era os mesmos animais que o deixou sem pelos dias atrás, ao passar sobre ele, como a sombra quente expelida por um vulcão. Mirando sua arma naquele bolo invisível ele apertou o gatilho, o estampido ecoou no boqueirão do rio e pela mata adentro como o estrondo de um trovão. Em seguida bateu o silencio total. Ouvia-se apenas a suave leveza da brisa roçando na verdejante mata.
Mas a exemplo do que ocorreu com o coronel Certorio em sua fazenda, quando os animais apareceram a ele, saindo de seu estábulo. A munição continuava intacta na arma também. Ele a guardou em seu esconderijo. nem percebeu que ela continuava carregada. Naquele momento meio aéreo, veio a sua mente a imagem de sua mãe implorando para que ele abandonasse aquela vida de crimes. Imaginariamente ele pediu perdão a ela, afirmando ser tarde demais. Seu caminho era sem volta e sua única opção era seguir em frente.
Dirigindo ao rio encheu uma cabaça e um cantil de água. E retornou à gruta. Preparou o seu almoço, arroz bastante ensopado com torresmo e algumas bananas de um cacho já com a maioria passadas do ponto. Logo após saciar sua fome, sentado no chão, ele espichou as pernas recostando no barranco de pedras e adormeceu.
Já passava das onze horas quando acordou com coronel Certorio cutucando sua costela com o bico da bota:
-- Acorda; óia o troco da cama Dentuço! Vamo prusiá home, ieu tenho mais o qui fazê dispois! Voismicê pode drumí o resto do dia ieu não, pois tenho muito o qui fazê nun sô cumo voismicê!
-- óia coroné ieu acabei de cumê e passei pru unha madorna, nem pricibi voismicê chegá nun sinhô!
Tá bão ma vamo no qui interessa, o qui voismicê tem pra mim dizê já cunsiguiu butá erva na ração do boi mardito, cunforme pranejô, e os pexe pra famia do home tá ino tudo cumo pranejô tumem?
-- óia coroné aquel tar de pretête é o capeta in forma de boi, ieu mun cunsigo chegá nem perto dele, ele me persegue de longe parece qui tem faro de cachorro, é sinti qui tô nun lugá quarqué já cumeça bufá insurtano cumo se ieu fosse um boi pronto mode brigá cuele. Agora a fia do coroné nun tá lá não. Dissero qui ta pra casa da vó dela, deve vortá essa semana. Ma voismicê fique tranqüilo, qui breve vai dá tudo certo, ieu boto veneno pra todo mundo, e a erva do boi ieu já tô cuela no jeito, sequei as foia e fiz o pó, vô butá no cocho d’água, o danado é o mió puxadô de ingenho qui tem lá, vai sê facim na hora qui sortá ele, vai direto bebê água ieu vô levanta mais cedo qui os muedô de cana e ponhá o pó de erva na água quando sortá ele no final da muaje vai sê tiro e queda era ua veiz um boi mardito. Agora o pexe vô dexa eze ficá bem custumado aí vai sê dua veizada só tudo mundo vai morrê duma veiz.
Inhantes de onte coroné tava ieu lá infornano a massa de rapadura, tumei um susto danado, intirtido no sirviço quando intrô a vossa mucama, aquela qui voismicê mim prometeu, intrô preguntano pru Prudêncio, dizeno quera pramode ele i prusiá ca inaça qui foi lá visita a irmã dela. Ela zoiô ieu e falô:
– Foi pra voismicê mais coroné Certorio qui sirvi café la in Morrinhos!
- ieu não, sinhorinha inganô, ma ela temô qui era ieu memo, aí ieu falei deve sê meu irmão geme nois é a cara um o fucim do outro parece quela acriditô!
-- voismicê tem certeza disso Dentuço. Nun se inganô?
-- Inganei nun sinhô ela foi cum vosso fio cumo é memo o nome dele é Nicó?
-- Nun posso crê qui Nicó mim traiu desse jeito, indo lá atrais daquela mardita, quando Barba Ruiva diz quele tava deitano o zóio parriba dela ieu maginei quele tava era mangano, ma intão é verdade, que mais qui voismicê viu pur lá ele intrô na cas do mardito?
Intrô sim sinhô, Ma o qui se deu lá dento ieu num pude vê donde ieu tava sô via a carruage, ma qui o coroné Tiburcio mais sinhá Maricota acumpanhô as visita inté na carruage isso ieu pude vê, inté quando se dispidiro pegano na mão.
-- Mardição ieu traído pur meu próprio fio, ah ma a mardita da inaça vai vê cumo é bão disobecê minha orde ela vai arrependê de tê nascido; ah se vai!
--Ma coroné ela nun é vossa cuzinhera, nun carece de voismicê cuidá mode ela sê perduada, castigano cum mais trabaio, arguns coroné pra quem ieu já trabaiei castigava o cativo era dobrano o sirviço, dava mais risurtado, tinha lucro dobrado, e num istragava os iscravo, eze dizia qui iscravo chicutiado rindia poco e dava prijuizo.
--Pode inté sê Dentuço ma cumigo é na chibata memo tem de apanhá e trabaiá dobrado. Ma agora dispois dessa má nutiça ieu vô trata de i se simbora, voismicê cuntinua cu seu prano vici. Inda agora cum essa qui Nicó mim aprontô quero voismicê junto cumigo mais ligero pussíve, mode impô pus iscravo o memo respeito queze tinha do Barba Ruiva, o Nicó ta dexano eze nua forgança danada tudo na corda bamba, cum voismicê eze vai vê o qui vai sê bão pra tosse, i cum quantos ponto se custura ua gereba.
Agora ieu tem de i, inté dumingo Dentuço e fica de zóio bem aberto nos mardito lá da Bocaina.
-- Intonse ieu acumpanho voismicê inté dispois da mata mais fechada, vô no campo mais limpo arrancá as raiz pro veio Miro, inquantisso nois vai prusiano. O coroné viu o qui acunteceu no lugá da cabana?
-- Tem nada lá não só um montão de cinza moiada cua chuva dessa noite, passei lá berano vi nada não!
- Que isso coroné tem treis arves cum ciposero gigante inrriba, ieu atirei nuns bicho qui tava garrado de briga inrriba das latadas de cipó, qué vê ieu inté vô carrega minha carabina de novo-, uai coroné o tiro tá do memo jeito, qui mixida é essa?
-- voismicê sonhô isso Dentuço quando ieu intrei aqui na gruta, voismicê roncava tanto qui imaginei quera um macaco guariba macho.
--Ieu coroné coisa qui nun faço é roncá!
--É... Intonse dotra veis vô te acordá nun é cu bico da bota não vai sê cas ispóra na custela, custei acordá voismicê, vai-me dizê qui num ronca e qui nun sonhô!
- foi sonho num sinhô coroné, assim qui ieu cheguei, fui direto lá dispois fiz o meu de cumê e drumi insiguida, taveno ai a cuia mais a cuié inda nem lavei, tá no memo lugá, do giitinho qui voismicê me acordô tamo prusiano inté agora. Ma vamo sai daqui pra fora da gruta e vamo lá mode vê.
Conferindo o local estava exatamente como o coronel afirmou, um montão de cinza molhada pela chuva.
--Ma num é pussive coronè ieu num tô ficano ruim da idéia num sinhô e num foi sonho só pode sê sombração memo.
--Óia Dentuço ieu só num vô duvidá de voismicê, pruquê ieu tumem vi os animar-. Nun só vi cumo tumém atirei neze igurazinho voismicê as balas tumem ficô do memo giitinho na minha pistola... Ma vamo isquecê essa histora, vai caça as raiz qui voismicê pricisa e dexa ieu e simbora qui tem qui acertá o disafôro qui inaça mim aprontô.