DUAS VIDAS
Ele caminhava com dois sacos pretos nas costas,provavelmente lixo reciclável. A calçada íngreme exigia do homem pardo,passos lentos e pesados. Mas era uma calçada com muitas arvores na lateral que proporcionavam boa sombra e muitos passaros voando pra lá e pra cá. Ele parecia monje budista.Caminhava em silencio e com a alma sorrindo o tempo todo. De quando em quando fazia um breve intervalo. Pausava o movimento das pernas, levantava a cabeça e parecia dialogar com os pássaros nas arvores. Então sorria e continuava a caminhar. Parecia não se importar com o peso da carga que carregava. Estava feliz. Estava em paz.
O outro homem ( branco ) estava subindo a mesma rua e ao mesmo tempo,só que na calçada em frente ao meu prédio ( do lado de cá da rua ). Calçada também íngreme e com arvores que proporcionavam boa sombra e muitos pássaros.
O homem trazia uma pasta de executivo na mão esquerda e com a outra segurava o celular próximo ao ouvido o tempo todo. Parecia contrariado com alguma coisa,porque gesticulava muito com o braço e falava alto, a ponto de quase deixar a pasta cair no chão. Estava nervoso e sentia dificuldade em respirar com calma para proceder a subida da rua. Estava ofegante,bravo,falando alto e gesticulando muito. Parecia que estava carregando o mundo nas costas. Não viu as arvores,não sabia se estava na sombra ou no sol, e não conversou com passarinhos. Sua alma estava aflita e ele não sorria. Estava infeliz.
Da janela do quarto assisti essa cena e vi, em um único momento,duas vidas,duas almas ( dois homens completamente diferentes ) na maneira de caminhar,de viver e de vivenciar sua rotina. Ou seja : a postura perante a vida.
Depois disso prestei mais atenção em mim durante todas as horas do dia. Optei por imitar o homem pardo para que meu dia ficasse melhor.
Minha janela me revela cenas surpreendentes. E eu as vejo com muita imaginação.
Maria da Penha Boselli* / 2017
Ele caminhava com dois sacos pretos nas costas,provavelmente lixo reciclável. A calçada íngreme exigia do homem pardo,passos lentos e pesados. Mas era uma calçada com muitas arvores na lateral que proporcionavam boa sombra e muitos passaros voando pra lá e pra cá. Ele parecia monje budista.Caminhava em silencio e com a alma sorrindo o tempo todo. De quando em quando fazia um breve intervalo. Pausava o movimento das pernas, levantava a cabeça e parecia dialogar com os pássaros nas arvores. Então sorria e continuava a caminhar. Parecia não se importar com o peso da carga que carregava. Estava feliz. Estava em paz.
O outro homem ( branco ) estava subindo a mesma rua e ao mesmo tempo,só que na calçada em frente ao meu prédio ( do lado de cá da rua ). Calçada também íngreme e com arvores que proporcionavam boa sombra e muitos pássaros.
O homem trazia uma pasta de executivo na mão esquerda e com a outra segurava o celular próximo ao ouvido o tempo todo. Parecia contrariado com alguma coisa,porque gesticulava muito com o braço e falava alto, a ponto de quase deixar a pasta cair no chão. Estava nervoso e sentia dificuldade em respirar com calma para proceder a subida da rua. Estava ofegante,bravo,falando alto e gesticulando muito. Parecia que estava carregando o mundo nas costas. Não viu as arvores,não sabia se estava na sombra ou no sol, e não conversou com passarinhos. Sua alma estava aflita e ele não sorria. Estava infeliz.
Da janela do quarto assisti essa cena e vi, em um único momento,duas vidas,duas almas ( dois homens completamente diferentes ) na maneira de caminhar,de viver e de vivenciar sua rotina. Ou seja : a postura perante a vida.
Depois disso prestei mais atenção em mim durante todas as horas do dia. Optei por imitar o homem pardo para que meu dia ficasse melhor.
Minha janela me revela cenas surpreendentes. E eu as vejo com muita imaginação.
Maria da Penha Boselli* / 2017