Estava o compadre Coruja e Zé Antonio em plena caatinga da reserva florestal raso da Catarina, no nordeste da Bahia. Refugio dos lagartos, cobras, camaleão, tatu, onça, veado, preá, tamanduá, cutia, caititu, jacu, calangos, e toda uma fauna.

Era crepúsculo de uma sexta feira, o compadre Coruja estava embrenhado na mata no encalço do tatu bola, em busca da sua presa. Não a caça predatória, mas a caçada consciente, no tempo certo. Quando ao alvorecer do dia avistou logo a carcaça do peba trucidado, na relva toda amassada, como se houvesse passado por ali um elefante perneta.

--- Esta vendo Zé Antonio? Parece que houve uma briga por aqui, veja o mato como ta. Num canto amassado, outro um rastro de onça.
O capim envolto realmente estava parcialmente comprimido dos lados. Então Zé Antônio olhou, olhou e declarou.

--- Coruja isso aqui foi uma onça acuada. Parece que um tatu bola se fechou em volta da pata dela.
--- Então Zé. Quer dizer que esta parte amassada foi à onça batendo com o tatu bola no chão, para se soltar dele?
--- Tudo leva a crer que sim.

Quando o compadre coruja voltou da caçada foi logo contando os causos. Seu Antônio, caboclo matreiro, e tio do compadre Coruja logo caíra na risada.
--- Quem já viu uma coisa dessas. Uma onça com um tatu agarrado na mão, e ainda por cima roçando mato?

--- Mas que novidade é essa? --- Quis saber o pai de coruja.
--- Coruja pensa que nóis é besta --- Disse o mameluco fazendo muxoxo de irritado --- Só falta ele dizer que essa história é verdadeira.
O comentário do curiboca nos deixou com a pulga atrás da orelha. Seria mais uma das anedotas de caçador? Ou seria mesmo uma grande verdade das muitas mentiras narradas por caçadores?

Todo caçador e pescador têm das suas histórias. Algumas verídicas, outras nem tanto. Pela primeira vez me sentir como o Bentinho de Dom Casmurro, numa duvida danada.