O SONHO DE UM CORONEL MACHISTA 11º EPISÓDIO
Entusiasmado com o plano do pistoleiro o coronel Certorio prometeu a ele, que aumentaria seu premio:
--Se voismicê dentuço, cumpri cua essa prosa qui ta dizeno alem do cumbinado vai ganhá o dobro dos contos de réis prumitido e outra mucama de brinde tumem.
-- pois óia coroné negoço fechado ieu cumu disse só priciso de tempo e cubertura de coroné, pácumeçá voismicê me trais ua lata daquele veneno qui só o chêro dele acaba cas furmiga duha viezada só, vô pricisá daqui arguns dia, má inhantes de usá vô Prepará o lugá mode cevá as caça, cus pexe quesse rio vai fornecê ajudano nóis nessa tarefa.
O coronel Certorio entusiasmado e feliz com o plano do bandido sentiu-se saciando sua sede de vingança. Saio de lá contando certo que seu objetivo seria concretizado. Impressionado com a astúcia de dentuço, ao abrir mão em usar a carabina e o cinturão de balas, substituídos por material de pesca. Uma nova técnica de liquidar desafetos, perguntava si mesmo: -- Será qui dá certo? Pensava ele lá com seus botões. Tratou logo de providenciar toda encomenda exigida pelo capanga.
No rio os cardumes eram tão volumosos que ao navegar de canoa no meio deles os peixes saltavam caindo dentro dela.
Aquele caudal volumoso garantia ao dentuço o farto pecado, que ele colocava de graça nas cozinhas dos colonos agregados e na grande senzala da fazenda Bocaina. Em pouco tempo todos ali, exceto a familia do coronel Tiburcio, conhecia o pescador misterioso. Tornou rotina peixe no almoço e peixe no jantar, daquela gente trabalhadora e receptiva, que sempre o retribuíam com frutas, quitandas, doces e até alguns cozidos preparados no capricho. E assim ele foi tornando intimo de todos chegando a pernoitar com alguns deles, mas sempre recusando em receber visitas. Subia o rio canoando engolido pelas sombras da mata, desaparecendo como uma lenda. O coronel Certorio, até que estava gostando da brincadeira, uma boa forma de manter a par do dia a dia na fazenda de seu rival. Através das informações repassadas pelo capanga disfarçado de pescador ele foi criando um filme imaginário cujo cenário consumava-se em sua trágica vingança. As suas visitas à cabana abandonada acabaram formando uma trilha bem visível no meio da densa mata. Certo dia ao esbarrar sua montaria à porta notou que dentuço acabara de colocar um peixe enorme, um surubim pra mais de vinte quilos, sobre o giráu de madeira roliça no interior da cabana:
---Voismicê hoje ta no seu dia de sorte, assim se expressou o coronel ao matador ao vê-lo temperando aquele pescado enorme.
--- Mais sorte memo tem é o coroné, cum esse ai voismicê vai butá a mão nas terras de coronè Tiburcio. Inhantes do galo cantá-, Chegô à hora, dieu mandá eze i tê um dedo de prosa cu criadô lá notra banda do mundo, vô temperá cu aquel negócio de mata fumiga e lavá. Já avisei pru Prudêncio qui o maió pexe desse rio ieu levava mode Inhá chica fazê moqueca pru coroné cá famia, de veiz inquando ele ta mim cobrano. Pois oia num é qui chegô a hora-, Inhá chica coroné é irmã de vossa escrava Inaça avô daquela berezura qui coroné mim prometeu! Inté disso ieu sabeno já discubri!
--Ieu cunheço dentuço, ela foi rematada nu memo navio, qui rematei sua irmã. Má é bão memo qui voismicê seja ligero nesse sirviço cá cumitiva do meu fio Nicó gurica memo tá vino aí e num quero sabê de prusêiu doceis não-, bão intonse ta tudo incaminhado já é tarde ieu vô ino e sorte pra voismicê.
O peixe envenenado entrou num processo de desidratação, descansando sobre o giráu a espera do momento exato de ser levada a fazenda Bocaina aonde deveria ser consumido pelos desafetos do coronel Certorio. Enquanto isso ocorria, dentuço aguardava o tempo necessário para concluir sua empreitada. O coronel retornou à sua sede adentrando pela trilha no meio da mata até atingir a estrada principal, usada pelos transeuntes na vasta região daquele ermo sertão milenar. Obra prima que Deus criou, resguardada pela mãe natureza. Por ali em breve, Nicó deveria regressar com a comitiva.
O dia seguinte amanheceu lindo com o sol que por vários dias andou escondido atrás do denso nevoeiro, mantendo a terra encharcada. A essa altura dando ar de sua graça o astro estava enxugando tudo, secou logo as gotas cristalinas do orvalho respingado pelo sereno. Secou também as marcas de patas da montaria do coronel, as deixando visivelmente desenhadas na trilha que o Levava a cabana abandonada.
Dentuço aproveitando o sol para secar as mantas de peixe, adiou para o dia seguinte, a execução do seu plano na fazenda Bocaina.
(Imagem do googlo)
Entusiasmado com o plano do pistoleiro o coronel Certorio prometeu a ele, que aumentaria seu premio:
--Se voismicê dentuço, cumpri cua essa prosa qui ta dizeno alem do cumbinado vai ganhá o dobro dos contos de réis prumitido e outra mucama de brinde tumem.
-- pois óia coroné negoço fechado ieu cumu disse só priciso de tempo e cubertura de coroné, pácumeçá voismicê me trais ua lata daquele veneno qui só o chêro dele acaba cas furmiga duha viezada só, vô pricisá daqui arguns dia, má inhantes de usá vô Prepará o lugá mode cevá as caça, cus pexe quesse rio vai fornecê ajudano nóis nessa tarefa.
O coronel Certorio entusiasmado e feliz com o plano do bandido sentiu-se saciando sua sede de vingança. Saio de lá contando certo que seu objetivo seria concretizado. Impressionado com a astúcia de dentuço, ao abrir mão em usar a carabina e o cinturão de balas, substituídos por material de pesca. Uma nova técnica de liquidar desafetos, perguntava si mesmo: -- Será qui dá certo? Pensava ele lá com seus botões. Tratou logo de providenciar toda encomenda exigida pelo capanga.
No rio os cardumes eram tão volumosos que ao navegar de canoa no meio deles os peixes saltavam caindo dentro dela.
Aquele caudal volumoso garantia ao dentuço o farto pecado, que ele colocava de graça nas cozinhas dos colonos agregados e na grande senzala da fazenda Bocaina. Em pouco tempo todos ali, exceto a familia do coronel Tiburcio, conhecia o pescador misterioso. Tornou rotina peixe no almoço e peixe no jantar, daquela gente trabalhadora e receptiva, que sempre o retribuíam com frutas, quitandas, doces e até alguns cozidos preparados no capricho. E assim ele foi tornando intimo de todos chegando a pernoitar com alguns deles, mas sempre recusando em receber visitas. Subia o rio canoando engolido pelas sombras da mata, desaparecendo como uma lenda. O coronel Certorio, até que estava gostando da brincadeira, uma boa forma de manter a par do dia a dia na fazenda de seu rival. Através das informações repassadas pelo capanga disfarçado de pescador ele foi criando um filme imaginário cujo cenário consumava-se em sua trágica vingança. As suas visitas à cabana abandonada acabaram formando uma trilha bem visível no meio da densa mata. Certo dia ao esbarrar sua montaria à porta notou que dentuço acabara de colocar um peixe enorme, um surubim pra mais de vinte quilos, sobre o giráu de madeira roliça no interior da cabana:
---Voismicê hoje ta no seu dia de sorte, assim se expressou o coronel ao matador ao vê-lo temperando aquele pescado enorme.
--- Mais sorte memo tem é o coroné, cum esse ai voismicê vai butá a mão nas terras de coronè Tiburcio. Inhantes do galo cantá-, Chegô à hora, dieu mandá eze i tê um dedo de prosa cu criadô lá notra banda do mundo, vô temperá cu aquel negócio de mata fumiga e lavá. Já avisei pru Prudêncio qui o maió pexe desse rio ieu levava mode Inhá chica fazê moqueca pru coroné cá famia, de veiz inquando ele ta mim cobrano. Pois oia num é qui chegô a hora-, Inhá chica coroné é irmã de vossa escrava Inaça avô daquela berezura qui coroné mim prometeu! Inté disso ieu sabeno já discubri!
--Ieu cunheço dentuço, ela foi rematada nu memo navio, qui rematei sua irmã. Má é bão memo qui voismicê seja ligero nesse sirviço cá cumitiva do meu fio Nicó gurica memo tá vino aí e num quero sabê de prusêiu doceis não-, bão intonse ta tudo incaminhado já é tarde ieu vô ino e sorte pra voismicê.
O peixe envenenado entrou num processo de desidratação, descansando sobre o giráu a espera do momento exato de ser levada a fazenda Bocaina aonde deveria ser consumido pelos desafetos do coronel Certorio. Enquanto isso ocorria, dentuço aguardava o tempo necessário para concluir sua empreitada. O coronel retornou à sua sede adentrando pela trilha no meio da mata até atingir a estrada principal, usada pelos transeuntes na vasta região daquele ermo sertão milenar. Obra prima que Deus criou, resguardada pela mãe natureza. Por ali em breve, Nicó deveria regressar com a comitiva.
O dia seguinte amanheceu lindo com o sol que por vários dias andou escondido atrás do denso nevoeiro, mantendo a terra encharcada. A essa altura dando ar de sua graça o astro estava enxugando tudo, secou logo as gotas cristalinas do orvalho respingado pelo sereno. Secou também as marcas de patas da montaria do coronel, as deixando visivelmente desenhadas na trilha que o Levava a cabana abandonada.
Dentuço aproveitando o sol para secar as mantas de peixe, adiou para o dia seguinte, a execução do seu plano na fazenda Bocaina.
(Imagem do googlo)