O ASTERISCO
Grupamento militar em forma, ao final do expediente. O cabo Rosildo segura a prancheta, coçando o ouvido com a caneta e mexendo o pescoço em similitude a uma foca, quando um soldado murmura: - Começa logo essa chamada para irmos embora!
- Quem falou isso?
Todos calados. Rosildo vasculha no olhar dos presentes algo que pudesse denunciar o autor da frase. Diversos soldados o encaram friamente, outros olhares sugerem rir a qualquer momento. Cessada a inspeção, inicia-se a chamada:
- Moraes!
- Moraes! 1ª/95! - Responde em posição de sentido.
- Valério!
Não há resposta.
- Alexandro!
...
- Farias!
- Não estão respondendo, ou não estão aqui. Colocarei falta.
Alguém fala - Permissão, cabo! Esses e outros que tem um asterisco ao lado do nome ainda estão capinando detrás do hospital sob ordem do capitão!
Rosildo franze a testa e amiúda o olhar em direção ao soldado Dias: - Hein? Asterisco? O que é asterisco? Não pondera, garoto!
A tropa ri e Rosendo reitera a pergunta. Em seguida, ordena ao soldado que se aproxime e o explique.
Alguns sussurros no grupamento questionam: “Porra! Não sabe o que é um asterisco?”