MORRO DOS MACHADOS

Morro alto, sol ardente!

Era verão e fazia muito calor.

Meio dia e meia, assim marcava a Hora no relógio de bolso de seu Salim Halialab, um libanês que veio em tenra idade de sua terra natal.

Passo a passo ele ia subindo aquela elevação do solo do Médio Jequitinhonha.

Estava ainda bem no começo.

Havia mais de um quilômetro morro acima,

Até chegar na porteira que dava acesso

Ao caminho batido que levava os visitantes

À casa de dona Ruth Halialab Pereira, sua irmã mais velha, casada com seu Benedito Pereira, falecido há tempo.

Ao olhar pelo morro acima,

Seu Salim não via nenhuma árvore para refrescar a calvice na caminhada.

Somente o ar tremendo sobre os pedregulhos da estrada.

O suor ia descendo pelo seu rosto envelhecido.

Seu chapéu de aba estreita feito de pelo de esquilo, meio torto na cabeça, mal tapava os raios estridentes do sol de verão.

Sol que castigava as terras do Médio Jequitinhonha.

A mala, mais parecida com um baú, ia sempre deslizando pelos dedos, devido o suor das mãos.

Assim seu Salim ia subindo o outeiro.

Sua boca seca pedia água,

Suas pernas cansadas iam lentamente dando as passadas em direção ao espigão.

O paletó jogado no ombro,

A botina toda tomada de poeira

E o lenço na mão direita que ia enxugando o suor do rosto.

Assim, seu Salim que acabava de chegar no Paranazão,

ia subindo o morro dos Machados para visitar sua irmã Ruth,

Que por sinal, não sabia da sua chegada.

Morto de sede, cansado e suado, seu Salim,

Na pior hora do dia acabava de subir o outeiro.

Do espigão ele avistou a casa de sua irmã lá embaixo,

Mais para o lado direito do boqueirão.

Sorriu, abanou o rosto com o chapéu, enxugou o suor e disse:

“Graças a Deus!”

É isso aí!

Acácio Nunes