UM DIA, UM CONDOR...

UM DIA, UM CONDOR...

Sentado no banco de passageiro da veraneio verde escuro, assim que parou, apeei com minha espingarda .36 de dois canos boito de cano serrado, nos braços, estabelecendo o perímetro e instruindo meus homens a se posicionarem no entorno da mesma.

Olhei para o céu, azul de brigadeiro, tão claro que ardia os olhos apesar dos óculos de comando. Avistei o helicóptero Huey em onze horas, o sentinela na porta engatilhando a metralhadora Minigun M 134 7.62-51mm. Acenei a saudação e indiquei o corredor da favela que iríamos entrar em três horas. Este passou as instruções ao piloto que fez um giro de duzentos e setenta graus e avançou pelo canal, dando um sobrevoou de aproximadamente duzentos metros, arremeteu e retornou ao ponto de partida, o sentinela me deu o sinal de avançar e entrei no beco.

O helicóptero avançou em sentido contrario ao primeiro sobrevôo e posicionou a aeronave ao final do beco, com o sentinela apontando a metralhadora em nosso sentido.

Posicionei dois homens como cabeça de ponte na quina do beco, deixei os dois motoristas como sentinelas e avancei com os outros cinco, o primeiro e o ultimo da fila com fuzis M16 7.62-51 e os demais com os antigos belgas longos.

Chegamos ao barraco de madeira no meio do corredor, posicionamos para invasão, acenei para o sentinela do helicóptero que acenou positivamente.

Preparei o pontapé com a perna direita e avancei, arrebentei a porta e senti uma queimação na coxa esquerda, arremessei a granada de efeito moral ao mesmo tempo em que os alas jogavam granada de fumaça e de gás lacrimogêneo e enquanto caia na porta meus homens entravam atirando no barraco.

Lembro de ser arrastado da zona de tiro pelo colete e a gritaria no radio era confusa:

- Líder abatido! Repito! Líder abatido! Saindo da zona de tiro! Tenente assuma! Assuma Tenente!

- Ok! Sargento! Assumindo! Remova comandante para área de resgate!

- Sala liberada!

- Quarto liberado!

- Cozinha liberada! Banheiro trancado! Repetindo banheiro trancado!

- Posicionem com escudos, não entrem! Não entrem! Algum ferido?

- Negativo Senhor! Dois meliantes abatidos!

- Os dois baixados? Sem informações?

- Positivo Senhor! Os dois baixados, infelizmente.

- Preparar para assalto! Atirar na porta do banheiro em três.

- Um! Abra a porta! Ou vamos atirar!

- Dois! Abra a porta! Vamos atirar!

- Três! Abra a porta! Vamos atirar!

- Fogo!

- Cessar fogo! Cessar fogo! Preparar rescaldo... Avançar...

- Tenente mais um morto, estava armado com um AK...

- Bom trabalho! Vamos estabelecer perímetro. Comando na escuta?

- Na escuta

- Tenente Mozart no comando. Capitão Tchaikovsky ferido em combate, três, três meliantes abatidos, mandar equipe de buscas para levantamento e limpeza.

- Copiado Tenente, tire o Capitão daí, use o pássaro se necessário.

- Ok! Entendido comando.

Tomei um tiro de 9 mm na parte anterior da coxa e a bala transfixou todo o músculo. O tiro passou entre a veia Femural e a safena interna, morte certa se atingisse alguma ou a 5 cm da bolsa escrotal, dei muita sorte e peguei seis meses de afastamento; talvez tivesse sido melhor se tivesse atingido uma das duas. Meu curso para Major adiado por tempo indeterminado.

A missão foi um sucesso, três traficantes de armas, drogas, falsários e seqüestradores mortos e muito material de propaganda apócrifa do sistema apreendido alem de drogas e armas.

Não cheguei a General em função deste acidente, com muito custo e com a idade no limite fui promovido a Major, serviços dignos, mas apenas burocráticos. Quando promovido a Tenente Coronel, fui reformado em virtude das seqüelas deste tiro, não tinha como assumir um comando.

Isto é ser um “Condor”, o Pais acima de tudo, acima da carreira, ate da própria vida.

ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO, ONDE RELATO FATOS HISTORICOS REAIS, SOB MEU PONTO DE VISTA FICCIONAL.

Cesão
Enviado por Cesão em 10/07/2017
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