O ENTERRO
Enterros sempre são momentos solenes. Sempre? Acho que esta não é bem a palavra correta... Acho que, no máximo, deveria ser.... Acontece que, sempre haverá uma dia em que estas "regras" serão quebradas!
Donamaria morreu. Morreu por que morreu... O povo morre né não? Então! A senhorinha era muito amada por toda a família e pelos agregados, inclusive eu. Tratou-se logo de providenciar o enterro da véia perneta. Sim... Tem este detalhe, a velhota, além de ser muito amada por sua sabedoria e sagacidade, ainda era muito querida pela maneira como ela lidava com esta particularidade ruim que a vida lhe impusera.
Alguns anos antes de sua morte, uma diabetes fragilizou a sua saúde, o que levou em certo momento, a uma amputação parcial de parte de sua perna... Coitadinha... Que nada! A velhota transformou a sua perna de pau em um instrumento de defesa pessoal e sempre que alguém lhe fazia raiva, ela ameaçava rachar o quengo de alguém com a dita perna de pirata!
Um dos seus filhos, O primogênito e predileto de seu marido e viúvo, o véio Joãogóro, era homem de dinheiro e providenciou o melhor enterro que pôde para a sua finada mãezinha. De fato, a velhinha merecia, era gente boa. Já o véio... Gente boa também... Mas digamos... Não era nenhuma unanimidade!
Família grande tem de tudo: médicos, desembargadores, empregados, desempregados, casados, descasados, e por aí vai... É melhor ir ficando por aqui sabe... Rsrs. Então, o enterro estava realmente muito bonito, só o clima era aquele né; de enterro. Se não era silencioso e triste de fato, ao menos era solene. Mas...
Lá pelas tantas, o viúvo para fazer jus a fama de véio sovina perguntou em um tom de voz bem alto e claro, ao filho mais velho, e patrocinador do funeral cinco estrelas:
_ Neto, este caixão custou uns três mil cruzeiros num foi não? Vixe como foi caro! E essa ruma de flor? Não... Gastar dinheiro assim num pode não meu fío... Oía, era mió ter botado ela lá pertim de mim, lá no pé da serra, embaixo de um pé de Pau-d'Arco!
Os presentes a despedida solene, trincaram os dentes e travaram os músculos da face para não rirem, o que seria extremamente inadequado naquele momento. Coitado o véio já beirava os 100 anos! Mas...
_Neto meu fío... Pelo menos tu tirô a perna de pau de minha véia antes de tu interrá ela? Ó meu fío, aquela perna de pau ainda tinha serventia... Eu podia vendê ela lá no cigano Bilá, e fazer uns cobrinhos!
Teve jeito mais não viu gente! Era o caixão da boa velhinha descendo a cova e o povo estourando na gargalhada diante do disparate do véio...
E o filho? limitou-se ao possível:_ Tá certo meu pai... Bora rezar e depois a gente conversa!
Donamaria morreu. Morreu por que morreu... O povo morre né não? Então! A senhorinha era muito amada por toda a família e pelos agregados, inclusive eu. Tratou-se logo de providenciar o enterro da véia perneta. Sim... Tem este detalhe, a velhota, além de ser muito amada por sua sabedoria e sagacidade, ainda era muito querida pela maneira como ela lidava com esta particularidade ruim que a vida lhe impusera.
Alguns anos antes de sua morte, uma diabetes fragilizou a sua saúde, o que levou em certo momento, a uma amputação parcial de parte de sua perna... Coitadinha... Que nada! A velhota transformou a sua perna de pau em um instrumento de defesa pessoal e sempre que alguém lhe fazia raiva, ela ameaçava rachar o quengo de alguém com a dita perna de pirata!
Um dos seus filhos, O primogênito e predileto de seu marido e viúvo, o véio Joãogóro, era homem de dinheiro e providenciou o melhor enterro que pôde para a sua finada mãezinha. De fato, a velhinha merecia, era gente boa. Já o véio... Gente boa também... Mas digamos... Não era nenhuma unanimidade!
Família grande tem de tudo: médicos, desembargadores, empregados, desempregados, casados, descasados, e por aí vai... É melhor ir ficando por aqui sabe... Rsrs. Então, o enterro estava realmente muito bonito, só o clima era aquele né; de enterro. Se não era silencioso e triste de fato, ao menos era solene. Mas...
Lá pelas tantas, o viúvo para fazer jus a fama de véio sovina perguntou em um tom de voz bem alto e claro, ao filho mais velho, e patrocinador do funeral cinco estrelas:
_ Neto, este caixão custou uns três mil cruzeiros num foi não? Vixe como foi caro! E essa ruma de flor? Não... Gastar dinheiro assim num pode não meu fío... Oía, era mió ter botado ela lá pertim de mim, lá no pé da serra, embaixo de um pé de Pau-d'Arco!
Os presentes a despedida solene, trincaram os dentes e travaram os músculos da face para não rirem, o que seria extremamente inadequado naquele momento. Coitado o véio já beirava os 100 anos! Mas...
_Neto meu fío... Pelo menos tu tirô a perna de pau de minha véia antes de tu interrá ela? Ó meu fío, aquela perna de pau ainda tinha serventia... Eu podia vendê ela lá no cigano Bilá, e fazer uns cobrinhos!
Teve jeito mais não viu gente! Era o caixão da boa velhinha descendo a cova e o povo estourando na gargalhada diante do disparate do véio...
E o filho? limitou-se ao possível:_ Tá certo meu pai... Bora rezar e depois a gente conversa!