Rua do Ouvidor

Estava eu passeando pela movimentada Rua do Ouvidor pela manhã, por volta de uma 10 horas ou quase isso.

Por sorte, encontrei um amigo, o Robert, que vinha no sentido contrário a mim.

- Bom dia amigo, como vai?

- Vou bem Nicolas, e você?

- Estou ótimo. Um belo dia para um passeio, não acha?

- Realmente.

- Deseja me acompanhar? Vou procurar um regalo para minha irmã.

- Sim, claro. Conheço um estabelecimento muito bom aqui na rua, venha.

E segui então caminhando com meu amigo até o local conhecido por ele. Entramos e fui olhando as prateleiras e estantes em busca de algo interessante. Depois de uns 10 minutos, acabei encontrando um objeto bem interessante. Um brasão do Império entalhado em madeira. Tinha um tamanho consideravelmente bom para se pendurar na parede. Já estava me deslocando para a o balcão de atendimento quando uma cena curiosa aconteceu.

A jovem atendente jazia desacordada no chão. Ao seu lado havia um senhor bem alto de barbas longas e brancas, e outro com um grosso bigode que acudia a jovem. Em breve ela acordou, olhou para os dois senhores e fixou o seu olhar assustado e confuso no rosto do homem alto para então se tornar alegre e sorridente. Em seguida, ela reverenciou o homem de forma bem exagerada, porém respeitosa. Ele, visivelmente surpreso com a atitude da moça, retribuiu a gentileza de forma semelhante.

Assim que ele saiu com seu amigo, os clientes foram sendo atendidos. Quando chegou minha vez, de novo aparece o homem, com um vistoso ramo de flores nas mãos, que então entregou para a senhorita, sem antes dizer:

- Teu belo sorriso fez o meu dia melhor.

Novamente se despediu e foi embora. Ela ficou a cheirar as flores por um tempo, até que olhou para mim e ruborizou-se.

- Me desculpe senhor.

- Não se preocupe senhorita, vejo que não o via há muito tempo.

- Eu nunca havia o visto em carne e osso senhor.

- Verdade?

- Sim.

- Que bom que hoje o viu. Obrigado.

Assim, saí para rua com meu embrulho de presente, juntamente com meu amigo, que se despediu de mim e seguiu para o outro lado. Coloquei a mão no bolso para conferir o dinheiro, e ao abrir uma nota, compreendi a alegria da moça. No centro da cédula, estava o rosto do homem alto. Mal pude acreditar na minha tolice de não o ter reconhecido antes, o Imperador do Brasil, Dom Pedro II.

Bunicrin
Enviado por Bunicrin em 03/05/2017
Reeditado em 05/05/2017
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