BAILES E TRADIÇÃO
Danças, cantos, tambores, sons de atabaques...
Acordeon, bandolim, mãos suadas aos toques do luar.
O arrasta pé vai a noite inteira na varanda do galpão.
Os namorados dançam e festejam as tradições, os sonhos...
Há aqueles olhos que ficam galanteando todas as donzelas,
E há aqueles olhos que caçam uma donzela só.
Quantos começaram a romancear depois desses olhares!
A madrugada vai ganhando força, vai esquentando corações.
Os casais nem vêem o tempo ir passando!
Os senhores dançando na cadência com suas serenas senhoras.
Mudam os passos com leveza à medida em que os ritmos vão se intercalando.
Com chapéus chevrottis de pelos de lebres, lenços nos bolsos,
Sapatinho de bico fino e casimira a abanar.
São ternos pretos, ternos riscados, terno marrons, ternos bejes...
O salão vai balanceando, vai esquentando, no ritmo cadencial dos corações.
O bailão mineiro-italianizado, uma mistura do migrante europeu com os nativos das alterosas.
As damas de vestidos longos, babados nas alças, que bonito!
Sapatinhos rasteiros, para bem deslizar aos ritmos das canções.
Cinturas finas, cinturas grossas, quadris lisos ou arredondados, o que importa mesmo é o gingado que vai rasgando a madrugada.
Nesses bailes o importante é é saber dançar!
Umas prendas com lenços nas cabeças, outras exibindo os penteados de luxúria.
Maquiadas ou não, não tem importância, o importante é dançar até o sol raiar.
O sanfoneiro toca tudo e repete tudo o que tocou.
E os pés não param de escorregar no chão batido do salão.
A aurora do dia vai aparecendo e o baile continua na fazenda São João do Paduá.
Atabaques, violino e violão, Bandolim, tambores e gaita sorrateira!
Sapatos de bicos finos, calças com quinas acentuadas.
Sandálias chiques, sapatinhos femininos de última geração!
Um desfile de moda solto no salão.
O dia amanhece, as pernas cansadas, o coração nas mão!
Muitos dançaram com suas antigas damas.
Outros arrumaram damas com antigas danças.
É assim que eu me lembro, quando alguém me fala dos bailes e tradição.
É isso aí!
Acácio Nunes