DÍLSON E EU PARTE 25


RECAPITULANDO
     Olhe lá trovador o meu também pegou uma e é o dobro da sua, três metros, - como sabe mestre? – Olhe aqui no medidor do equipamento, - certo mestre, Caracas três metros e trinta e seis centímetros. Beleza mestre, mas como vamos colocar estes peixinhos na caminhonete? - não esquenta, o equipamento coloca, vou encostar a picape aqui.
 
SEGUE

- Gente, o mestre sabe como pescar, o equipamento não só colocou as trairinhas lá e ainda se iscou de novo e jogou de novo o anzol. A coisa era automática mesmo. Mestre Dílson se afastou para fazer algumas necessidades e eu fique uns vinte minuto ali sozinho. Quando ele voltou, a picape estava coberta de traíras e ele brigou comigo. – Trovador, porque não desligou o equipamento, - respondi, pensei que desligava automático mestre. - Tudo bem. Pegou celular e ligou para a equipe vir com o helicóptero grande, levar os peixes e limpar a a picape. – Perguntei ao mestre o que faria com tantos peixes, ele respondeu: - mandei separar cinco traíras para você, embalar e entregar em B. Horizonte.

     Perguntei de novo: - e o restante mestre- o restante mando distribuir para o povo de menos poder aquisitivo de Natal, - há sei, o povo da favela... – Não ele falou: - para o povo da cidade, os favelados aqui são todos ricos, só comem salmão, mesmo assim importados do Canadá, dos estados unidos não gostam, dizem que estão poluídos. O povo da cidade é que estão carentes, sabe como é né Trovador? Depois da Dilma e do PT... Fu... Funicou tudo. – Tem razão mestre, com certeza os de menos poder aquisitivo agora são os que eram classe média alta antes deles... É mestre, estavam com a bola toda, porque agora estão pobres novamente. - É sim trovador, e os pobres que recebiam bolsa família agora estão virando mendigos. Os da favelas não. Sabe como é: um quilo de farinha hoje um pacote de titica de cavalo amanhã e aí vai.

     - Vamos fazer o que agora mestre? - Enquanto a equipe limpa o local, nós vamos subir esta encosta aí e vamos lá ao alto, quero te mostrar uma sumaúma de mil e quinhentos anos que tem lá em cima, tem trinta metros de diâmetro no pé que é oco, dá para morar uma família lá sossegado. – Então vamos, apesar da minha perna desarrumada, não posso perder isto. Acompanhei o mestre como pude, ele andava rápido aí tive de pedir para parar, minha perna tinha travado. Paramos um pouco, tomamos água dos cantis que levávamos e continuamos. Aí ele se desviou pegando um caminho mais difícil e eu reclamei: - mestre, por aqui é mais reto e limpo, - ele respondeu, é sim trovador, mas com esta perna enrolada, pular por cima daqueles leões dormindo lá vi ser mais difícil, puxa, tem razão mestre por aí é mais fácil mesmo.

     Demos uma volta maior, mas nem reclamei, pois, mestre sempre sabe o que faz. A perna travou de novo e o mestre disse vamos descansar aqui trovador, é uma boa sombra e agora estamos perto mais cem metros e estaremos lá. Ia tomar água de novo e o mestre disse, tome não, vou lhe ensinar como sobreviver na selva. Pegou uma folhinha de um mato esquisito e colocou na boca, e disse: - experimente Trovador, Peguei uma e aí vi o mestre baixar a aba do chapéu sobre os olhos e se aquietar, Coloquei a folhinha na boca, que sensação gostosa, parecia uma pedrinha de gelo com gosto de baunilha, como minha sede era grande, mastiguei aquela e peguei mais meia dúzia e mastiguei tudo,

     Senti-me como um boi mastigando capim, de repente minha boca foi ficando cansada e cuspi o bagaço fora, olhei para o céu entre as frestas das árvores e pensei que coisa maravilhosa, se eu tivesse um lápis eu até ia anotar para criar alguns versos sobre este momento tão cheio de paz, acho que eu dormi, e se o fiz, estava com um sorriso nos lábios tal era o enlevo em que me encontrava. Acordei com o mestre me sacudindo delicadamente e me chamando para continuar, levantei-me tão bem disposto e segui desta vez junto com ele, de repente olhei pra cima e vi passar uma porção de porcos voando, falei para o mestre e ele disse - viva a natureza. São javalis Trovador.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 28/03/2017
Reeditado em 04/04/2017
Código do texto: T5954265
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