Causos da C.E.P

Quando o Brasil ainda passava por um regime militar cruel na década de sessenta, as figuras tarimbadas da casa do estudante de Pernambuco revesavam-se em fazer parte de mais histórias curiosas e engraçadas daquela residência, todos vindos do interior, faziam assim com que tudo ficasse ainda mais curioso. Assim foi com Eslauriano, popurlamente chamado de nêgo Bil, era ele uma pessoa daquelas que metia medo só em olhar, dentre outras coisas que trazia consigo, tinha um colar com quase todos os dentes da boca misturados com cocalhos de cascavel, tinha no braço a escrita feita com o ácido do leite de castanha "o diabo sou eu" e volta e meia em meio aos churrascos feitos pela xepeirada, nome dado aos residentes comedores de xepa, trazia ele gatos, timbus e pequenos cachorros para assar na brasa do fogo improvisado, causando repugnância a todos por ali, era de uma cidade chamada Ararinópolis, nêgo era conhecido em todo sertão, na verdade era um curandeiro, um rezador que atendia das mais modestas pessoas às mais afortunadas que o buscavam com esperança de solucionar os mais diversos problemas, ele se dizia espírita, desde o momento em que teve contato com um sulista que lhe presenteou com a doutrina completa de Alan Kardeck, nêgo Bil apressou-se para unir tudo que havia lido ao catimbó, nas suas consultas pedia para que levassem além de galinha preta, velas de várias cores, também fumo e muita cachaça que ele bebia um litro de uma vez só sem pestanejar e sem ficar bêbado, causando um espanto em qualquer cliente, mas todo esse teatro servia para além de ganhar muito dinheiro, também encobrir seu segredo guardado a sete chaves, mas como não se esconde um segredo por muito tempo na C.E.P, depois de investidas sexuais em um jovem xepeiro da "casa" que não aguentou e contou para um residente chamado Viragildo que logo procurou espalhar o boato para os outros. Todos ficaram sabendo mas não comentavam nada, pois era sabido por todos que nêgo Bil virava noites em seus rituais de margia negra, tinham medo que seus nomes fossem colocados na macumba. Distante desses pensamentos macabros de nêgo, estava Drauziano, vulgo "o coroa", dizia ele ser especialista na conquista de mulheres maduras, frequentador assíduo de um cantinho em Recife chamado: "Borbulhas de Seresta", quase sempre alguma mulher, que notava-se ser independente vinha buscá-lo e voltava no final da farra para deixá-lo, os dois já bem altos da bebida e ser pêgo para sair por uma mulher na porta da C.E.P, contava muitos pontos para a arquibancada que assistia, porém uma das vezes Drauziano indo a pé ao Borbulhas de Seresta e não tendo êxito no decorrer da noite, voltou também caminhando, muito embriagado, quando sem esperar uma loira com o nome de Bebeca vendo-o naquele estado lhe ofereceu carona e logo perguntou-lhe para onde iria, "o coroa" a informou que residia na Casa do Estudante e logo ela apressou-se em dizer que conhecia, chegando até lá já era dia, manhã de domingo em que a xepeirada adorava ficar no pátio em frente "a casa" conversando diversos assuntos, mais uma vez "o coroa" havia chegado acompanhado, mas a surpresa que tiveram todos é que não era realmente o que Drauziano pensava que fosse, os estudantes começaram o levante: gritavam e riam, era por que na realidade, Bebeta de mulher só tinha mesmo a peruca, todo restante era de homem, mas "o coroa" não deixaria aquela loira ir embora assim e tascou-lhe um beijo cinematográfico, ele não percebia nada e ficou nesse namoro agarrado por longos minutos. Depois desse dia os xepeiros quando queriam atiça-lo, o chamavam de " Drauziana".