DÍLSON e EU PARTE 11.
 
Recapitulando

     Quando estava já a uns vinte centímetros dele, escutei ele cochichar para a dona espada: - o louro é machão né? Gostoso! Fiz de conta que não ouvi e pensei: - até os bichos, que coisa, este mundo está veado mesmo, quero dizer virado mesmo.
Segue.

     Fui direto para o fundo do salão e passei por um passarinho chamado tiziu que pulava de cima de um poleiro, dava uma cambalhota e piava: – “tiziu, de novo, tiziu, e de novo tiziu” Falei pra dona espada com voz grossa: - na volta eu pego ele. Cheguei ao final da sala e lá estava o tal bacurau piando: - “amanhã eu vou, amanhã eu vou” agarrei o pescoço dele dei uma sacudida dizendo: - Ou cala este bico ou você vai é hoje mesmo.
     
     Pra ele ver que eu não estava brincando encostei a espada no pescocinho dele e perguntei: - entendeu ou tenho que desenhar? Joguei o coitado no poleiro com certa força e virei às costas para ir embora e ouvi: - Ta bem, não vou mais, louro violento. Eu ouvi, mas fingi que não era comigo, afinal ali eu era o herói, ou o vilão, vai saber..
     
     Fique meio com vergonha, coitado do passarinho, mas já tinha feito a covardia mesmo, aproveitei e na passagem pelo pássaro pretinho no momento que ele pulou eu passei a dona espada entre o espaço dele para o poleiro, ele ficou branco e calou o bico na hora, eu ainda salientei:- e cale este bico, senão vou comer sanduiche de tiziu com bacurau. Aí retornei com cara de bravo para frente do salão, passei pelo veadinho que estava no maior Love com o tigre.

     Pensei: - como diz mestre Jacó, tudo é amor eles que se esforcem. Voltei para a cama, me sentei e ouvi o papagaio e dona espada me elogiando: Mineiro valente este. Tive que rir, na hora que vi o tigre soltei até um pum... Pum quando a gente solta sente dar uma molhadinha no fundo da cueca? Não! Então acho que preciso tomar outro banho. Sentado distraído com os sussurros do papagaio com dona espada só senti que a cama se mexeu quando, quase era tarde demais.

     Neste instante dona espada deu um grito e eu fiz o que ela me disse, já virei batendo, dei sorte, a espada pegou no centro da cabeça da caveira que nem tinha posto roupa mais e o esqueleto desmontou, já peguei uma perna... Não, era só um fêmur e atirei pela janela, peguei a cabeça e atirei também e o resto do esqueleto foi se arrastando para ir atrás do resto da caveira.

     Mas meu plano deu certo, só escutei os ossos quebrando na boca do leão, aí ajudei o restante do esqueleto pular a janela e fiquei olhando o banquete da fera. Confesso que tive um pouco de dó, mas acho que dei um descanso àquela alma penada, ou sei lá, de repente em vez do belelélu ele foi para reino um pouco mais quente, vai saber.

Fui depois conto mais.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 12/03/2017
Reeditado em 12/03/2017
Código do texto: T5938676
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