DÍLSON e EU, PARTE 10.
 

Recapitulando

     Já pulei da cama e fui lá pegar a espada, ela não queria sair da bainha e eu forcei, ela falou: - moço se quer me usar peça primeiro, não é chegar e pegar assim sem educação. – Esta certa, me desculpe estou ansioso e morrendo de medo, ela saiu da bainha e respondeu perguntando: - obrigada já usou uma espada antes? Respondi: Não senhora, ela falou: então você está morto, mas vamos lá. - Tudo bem, eu já estou ferrado mesmo, vou...

 
Segue

     Falei com meus botões: como dizia o Búfalo Bill: - “a melhor defesa é o ataque”, estou armado e apesar de não ter lutado com espada, eu assisti os filmes do zorro, se aquela coisa aparecer de novo o Conde mestre Dílson que me desculpe, mas vou passar o ferro nele e se ele desmontar, eu não vou dar chance de ele se remontar mais, vou pegando os ossos e jogando pela janela... É isto, o leão está com fome vai jantar o bisavôzinho do Conde. Enchi-me de coragem e fui até a janela, afastei a cortina e deixei tudo aberto. O leão não conseguiu entrar antes, agora não vai tentar de novo.

     Estava apertando o cabo da espada com muita força e ela reclamou: - Ei louro, aperta menos, esta me sufocando, pedi desculpas e falei com empolgação: - vamos lá dona espada, vamos por ordem nesta bagunça. Ela respondeu: - Gostei de ver louro, estou vendo que tem coragem, vamos em frente se ele atacar por trás eu grito e você já se vira batendo... Pensei: - coitado de mim, estou quase me borrando de medo, mas se eu falar isto ela pode querer me deixar sozinho na briga, melhor ficar calado e fingir que sou bravo.

     Caminhei resoluto em direção ao fundo da sala, mas neste instante o veadinho dos olhos verdes saiu do seu pedestal e veio na minha direção abanado o rabinho e sei lá se o bicho anda daquele jeito mesmo, minha impressão é que ele estava rebolando. Fiquei indeciso e escutei a gozação da espada pra cima de mim: - que foi louro; Está carente e vai querer atacar o veadinho? Lembrei-me de uma amiga que sempre diz: _ cê besta dona espada, eu não atiro com esta espingarda, eu hem? Tô fora.

     Que coisa, o bichinho acho que queria atenção, ou carinho, vai saber? Olhou-me de novo, deu uma reboladinha e piscou aqueles olhinhos verdes pra mim. Fingi que não era comigo e avisei pra ele, seu gamo, “se eu falo veadinho, ele poderia pensar que eu tenho intimidade.” Repeti: - seu gamo o senhor tigre, que está neste poleiro aí acima do senhor está mexendo o rabo, acho que ele vai te atacar, fique esperto.

     Passei por ele fazendo cara de sério e não é que quando passei por ele, me esfregou a bunda... Acho que o bicho tem isto não, então tá, me esfregou a anca, fingi que nem percebi e continuei. Quando estava já a uns vinte centímetros dele, escutei ele cochichar para a dona espada: - o louro é machão né? Exclamou alto: Gostoso! Fiz de conta que não ouvi e pensei: - até os bichos, que coisa, este mundo está veado mesmo, quero dizer: virado mesmo.

Só tomar um cafezinho e volto.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 11/03/2017
Reeditado em 11/03/2017
Código do texto: T5937405
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