DÍLSON E EU PARTE 08.

Recapitulando.

     Fiquei quietinho, e tentando ouvir algum barulho, nada nem um grilinho cantando, comecei a modorrar que é naquele instante que você escuta o próprio ronco já no limiar do sono te vencendo, foi aí que eu senti..

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DÍLSON E EU PARTE 08.

     Senti alguma coisa fria nas minhas pernas... Ta bem, nas minhas coxas. Eu estava deitado de barriga para cima. Ainda bem, velhinhos só podem dormir de barriga para cima, pois, quase todos sofrem de problemas na coluna e só podem dormir assim ou de cadeirinha, se dormir de barriga pra baixo no outro dia nem conseguem se levantar.
     
     Não estava sentindo o lençol em cima de mim, levantei a mão com a lanterna e consegui sentir o lençol, estava alto como se formasse uma barraca. Gente sabe o que é um pinto no encolho e um tobróis cortando arame? Eram os meu neste instante, gritei me vale Padre Ciço de juazeiro, era o santo mais próximo e desmaiei.
     
     Eu sei que desmaiei, porque quando se desmaia a gente acorda com gosto de cabo de guarda chuva na boca sem ter bebido cachaça. Acordei sem saber onde estava, mas lembrei-me logo ao sentir a friagem nas minhas coxas, pensei em desmaiar de novo, mas não funcionou. O jeito foi encarar aquilo, abri os olhos naquela escuridão e apontando para minhas pernas acendi a lanterna, ai, ai, ai.

     Gente, o cara de Drácula estava sentado em cima do meia porção que ainda bem, nestas alturas virou mine porção. O pior é que estava pelado, quero dizer era só ossos e gelado, fazer o que, dar uma de boneca assustada e gritar? Não! Eu era inda um leão, velho é verdade, mas ainda não me tinha caído, todos os dentes, eu gritei sim, mas fingindo que estava com raiva e não com medo.

     São padim ciço de Juazeiro! Gritei e dei um safanão nas perna para o lado esquerdo e a coisa caiu no chão embrulhado no lençol e ouvi aquilo se quebrando todo, tentando se desvencilhar do lençol, meti a mão no comutador de luz e acendeu tudo, aí eu vi. Gente eu vi, não queria ter visto, mas vi. O monstro fez o lençol em pedaços e se recompôs levantando num salto, ainda o vi arrancar a perna direita que colou no lugar errado e consertar colocando a outra e depois, peladão dar aquela maldita risada do cracracracrecrecre e sumir de novo.

     Sentei-me de novo na cama, e fiquei ali sem eira nem beira, tentava pensar, mas que nada, acho que entrei em choque. Felizmente o monte de ossos não voltou e eu aí sim comecei a raciocinar de novo. O primeiro pensamento que me veio foi sobre o Mestre Conde Dílson... – Acho que ele vai ficar bravo se eu lhe contar que espatifei o seu bisavô, claro, me hospeda num quarto luxuoso destes e eu mal agradecido esmigalho o seu bisavozinho... Trovador, homem sem coração, pensei.

 

   Fiquei grilado, escutando um bacurau piando,"amanhã eu vou" até me deitei de novo, mas o amanhã eu vou, continuou. Sentei-me de novo na cama e fique pensando como eu vou dormir com este bicho gritando? Nisto ouvi uma voz meio esganiçada bem pertinho de mim... Este cara enche o saco, a gente quer dormir e ele começa com este piado e daqui a pouco todos começam a gritar e aí que ninguém dorme mesmo.
 


Fui depois escrevo mais se lerem.

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 09/03/2017
Reeditado em 18/01/2022
Código do texto: T5936210
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