DÍLSON E EU PARTE 06




Recapitulando
     Desliguei a televisão, me enfiei na cama estava até uma boa temperatura, me cobri com o lençol e apaguei a luz do abajur e acreditem eram vinte e duas horas, eu fechei os olhos e dormi mesmo.
 
PARTE 06

     Acordei com o relógio de parede badalando doze vezes, levantei-me e acendi a luz apagando o abajur e fui ao banheiro. Antes não tinha reparado no vaso sanitário e na pia do toalete, separados do Box num outro ambiente, levantei a tampa do vaso e fiquei de boca aberta, confesso que quase enfiei a cabeça no vaso para olhar melhor. Que isto? À primeira vez que eu via um vaso feito de jade e como filetes de ouro nas bordas decorando. A urina nem queria sair, um pecado mijar naquela maravilha, mas não tinha outro.

     Quando terminei fui lavar as mãos e pasmem a pia era de ouro maciço, pensei caramba e eu nem terminei o meu curso de ladrão de galinhas, já pensou se o Sergio Cabral fica sabendo que estive num lugar destes e saí de mãos abanando... É capaz de ele ajuntar com a Dilma e o Lula pra me bater até eu contar onde é este El dourado. Melhor pedir o pessoal do Recanto para não deixar aqueles lá fazer parte da nossa quadrilha de poetas honestos. Não ia dar certo.

     Fiquei um pouco de cabeça baixa olhando a água cair na pia e levantando gotículas que brilhavam como joias. Quando voltei a olhar para o espelho levei um susto, tinha uma imagem de um homem esquisito de pé às minhas costas, fiquei gelado, não tinha visto aquela coisa ali antes, baixei os olhos e levantei de novo, a imagem continuava lá, eu me arrepiei todo. A figura estava com chapéu preto, uma capa preta, e um tapa olho também preto, com uma camisa branca e não dava para ver se estava de calças, pois a parte que aparecia, só mostrava a capa.

     Meu cabelo ficou em pé, os cabelos do meu braço, arrepiaram todos, as pernas tremeram e senti até os cabelos do saco levantando dentro do pijama preto de bolinha vermelha. para piorar a situação aquela coisa piscou para mim, com o olho que estava à mostra, aí baixei a cabeça pensando ele vai pular em mim, mas não pulou, olhei rapidinho para o espelho ele estava lá e piscou de novo.

     Baixei a cabeça, fechei os dois punhos e pensei: isto é imaginação minha, quer saber, eu era conhecido como Leão porque eu brigava e tinha coragem, agora estou velho e a imaginação está me pregando uma peça, vou enfrentar esta coisa... Levantei o rosto, e decidido me virei de uma vez e encarei o homem.

     Por que não fiquei lá onde eu estava curtindo o meu medo? Quando eu encarei aquela coisa eu devia ter me lembrado de que ganhei o apelido de trovador, porque estou velho e não tenho mais nada de leão. Ele riu com os dentes todos falhado e os que ele tinha na boca eram tão grandes que pareciam dentes de dinossauro e a risada era abrindo e fechando a boca e o barulho era um cra, cra, cra, cre, cre, cre, aí eu gritei na maior altura e a coisa sumiu.

     Corri para a porta e abri, tentando sair daquele lugar, mas aí quando comecei a descer a escada que ia dar num corredor comprido de uns dez metros de largura, apareceu um leão a uns vinte metros e quando me viu partiu para o meu lado, tive de subir a escada correndo e ainda bem que ele escorregou quando tentou parar de vez pra me pegar e eu pude entrar e fechar a porta de novo.

     Corri até a janela e ela estava aberta, como eu sabia que era alta, fui olhar por ela e o leão pulou e me afastei o vendo cravar as unhas no parapeito de madeira, caiu no chão e eu fechei rápido a janela e a cortina preta que estava de um lado, ainda vi o vulto pular mais uma vez. Nestas alturas eu estava molhado de suor até os ossos, quando me virei dei de cara com...

     Depois conto mais
 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 06/03/2017
Reeditado em 06/03/2017
Código do texto: T5932824
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