A mentira do monge
Conta-se, mas não sei se os fatos são verdadeiros, afinal, já foram tantos anos que se passaram, mas dizem os mais velhos que aconteceu em um mosteiro. O cassarão estava imerso em um silêncio profundo, os monges estavam mergulhados em seus livros. Fazia uma tarde bonita, boa para estudar os textos profundos das sagradas escrituras. O monge Tomás era muito crédulo, estudioso, puro e de muita oração. Na hora em que os monges estavam estudando, um jovem recém ingressado e muito brincalhão chamado Leonardo, se propôs testar a credulidade de que gozava o monge Tomás.
Apenas se escutava na sala de estudo compartilhada, o ranger das passagens de uma página a outra dos livros. A mesa de Leonardo era ao lado da janela e a de Tomás do lado da sala encostada na parede. Olhando para fora e para cima, Leonardo quebra o silêncio:
— Olha! Tomás, venha ver que coisa mais incrível, Deus é mesmo maravilhoso — conclui com um tom admirado — uma vaca voando!
Tomás apressado e tomado de admiração dirige-se quase correndo à janela para ver, quase chegando a janela percebe que fora enganado, mas vai mesmo assim, tentando disfarçar sua percepção, os rostos de seus co-irmãos vermelhos querendo soltar uma alta gargalhada. Ao chegar na janela que olha para cima, tentando ver a vaca, os colegas não mais aguentam, e soltam gargalhadas. Com o rosto vermelho de vergonha, baixa a cabeça. Leonardo rindo diz:
— Só você mesmo Tomás para acreditar... uma vaca voando...!
Olhando para Leonardo ainda envergonhado responde:
— Pois é, mais fácil acreditar que uma vaca possa voar, que um monge possa mentir.