Lembrou-se que em suas histórias de assombração, quando a visagem se aproxima, traz um vendo quente, se provém do inferno; um vento morno se estiver no purgatório; e uma brisa suave, se vem do céu. Se o vento for quente, vem com cheiro de enxofre. Se for morno, provoca vômito. E se for uma brisa suave, enche o local de perfume. Ele f
arejou o cheiro através focinho de Vintém. Não tinha cheiro de enxogre...O vento não era quente, nem morno, nem frio. Nem tinha perfume algum. Não era vento soprado. Não havia vento. Estava com febre.
C’usdiacho, o tremor é de febre. Nunca fui homem pra temer a nada. Esse ombro vai me dar trabalho! Mas ainda não  era hora de mostrar inflamação.
Sentiu  calafrios.
 Vivenciara uma situação de risco e sua vida estivera por um triz. —‘Nada de se preocupar! Vai passar logo’. Tentou acalmar-se. Vintém dormia sono de cachorro estressado. Sonhou comendo migalhas debaixo da mesa grande. Sabia escolher o  comensal mais generoso.
— Toma, Vintém! — João despejou o resto da paçoca, entre as patas dianteiras e focinho do cão. O cheiro subiu às narinas, e se não  acordasse com a voz do vaqueiro, acordaria com o cheiro de carne seca socado no pilão. Burrinho Xerém olhou descompensado. Não tinha fome de comida! João Velho passou a mão na tábua do pescoço do burro. Afrouxou a cilha e cochichou ao ouvido do animal: — ‘Obrigado, burrinho!’ E voltando-se para o cão... ‘Vintém, meu amigo, você vale ouro!’
O sol pendia.
Euzébia não suspendia o choro. A dor de mãe que perdeu um filho, não cabe no coração. Faz tão pouco tempo que se viram! Mas parece uma eternidade... Lágrimas escorrem no rosto de Euzébia. Saudade, não tem idade.  
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Adalberto Lima - recortes de Estrada sem fim...

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