A aurora chega, quando o bezerro apartado berra, suplicante, pedindo uma gota do esguicho morno guardado nas tetas da mãe. O fazendeiro se levanta antes que o galo cante: ‘Evem diiia... Evem diiia... Evem diiia...’
Naquele tempo, chovia. O sol se escondia semanas a fio e os meninos se banhavam nas águas barrentas do rio. A noite cai. Vem o sono nas pálpebras do relógio de parede. Oito batidas compassadas. Na fazenda Campo Grande é hora de dormir.
No outro dia, o sol desponta medroso no topo da serra. Pia o pinto catando migalhas no chão. O gato mia. Euzébia tange a galinha que bica comida na mesa. ‘Sai trem desgramado, vai quebrar a imagem do santo!'
Cai a tarde. Pálidos raios do ocaso tocam suavemente as brancas asas de uma garça no crepúsculo das lembranças. Novo dia se levanta.
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Adalberto Lima - trecho de Estrada sem fim....