O ACIDENTE
Olavo e Celso voltavam da escola primária para casa quando Olavo foi atropelado por um carro. O fato aconteceu na década de 1930, quando São Paulo tinha poucos automóveis e os pais não costumavam levar os filhos à escola, que ficava a poucos metros de casa. E, acreditem, São Paulo era uma cidade segura. Foi uma fatalidade, talvez causada por descuido da criança, ou do motorista, desconheço os detalhes. O fato é que Olavo morreu, aos 9 anos de idade.
Compreensivelmente, não se falava do assunto na família. Sempre foi muito penoso recordar.
Celso, muitos anos depois, tornou-se meu marido e me contou, por alto, o ocorrido. Eu percebia que o acidente lhe deixara uma cicatriz, um enorme desgosto e, até me parecia, que ele se sentia um pouco culpado por não ter podido evitá-lo.
Conheci minha sogra, Dona Gemyne, já bastante idosa. Sempre penso em como deve ter sido devastadora essa perda para ela. Mas era uma pessoa de personalidade forte, que passou por isso e viu também, desaparecerem, um a um, após longa e penosa doença, os outros três filhos que adotara. Estes eram filhos da primeira esposa de seu marido que morreu durante o parto. Os três não a chamavam de mãe, mas de Gemyne, e tinham por ela enorme carinho, fartamente correspondido.
Eu via o retrato de Olavo na mesinha ao lado da cama de Dona Gemyne e minha mente divagava por esses sombrios espaços do imponderável.
Hoje, todos os personagens mencionados já não estão mais aqui e eu, em poucas linhas, deixo à posteridade o registro dessa tragédia pessoal de seres que me foram tão caros e de um tempo que há muito passou.
Olavo e Celso voltavam da escola primária para casa quando Olavo foi atropelado por um carro. O fato aconteceu na década de 1930, quando São Paulo tinha poucos automóveis e os pais não costumavam levar os filhos à escola, que ficava a poucos metros de casa. E, acreditem, São Paulo era uma cidade segura. Foi uma fatalidade, talvez causada por descuido da criança, ou do motorista, desconheço os detalhes. O fato é que Olavo morreu, aos 9 anos de idade.
Compreensivelmente, não se falava do assunto na família. Sempre foi muito penoso recordar.
Celso, muitos anos depois, tornou-se meu marido e me contou, por alto, o ocorrido. Eu percebia que o acidente lhe deixara uma cicatriz, um enorme desgosto e, até me parecia, que ele se sentia um pouco culpado por não ter podido evitá-lo.
Conheci minha sogra, Dona Gemyne, já bastante idosa. Sempre penso em como deve ter sido devastadora essa perda para ela. Mas era uma pessoa de personalidade forte, que passou por isso e viu também, desaparecerem, um a um, após longa e penosa doença, os outros três filhos que adotara. Estes eram filhos da primeira esposa de seu marido que morreu durante o parto. Os três não a chamavam de mãe, mas de Gemyne, e tinham por ela enorme carinho, fartamente correspondido.
Eu via o retrato de Olavo na mesinha ao lado da cama de Dona Gemyne e minha mente divagava por esses sombrios espaços do imponderável.
Hoje, todos os personagens mencionados já não estão mais aqui e eu, em poucas linhas, deixo à posteridade o registro dessa tragédia pessoal de seres que me foram tão caros e de um tempo que há muito passou.