Vaqueiros e fazendeiro seguiram a batida. O boi fugidio abria a betônica com o peito, e a triturava nos cascos, abrindo passagem estreita. Os vaqueiros açularam os cavalos no batedor, e só viam o lombo do boi, que mais parecia uma bruaca galopante. Generoso passou a mão no rabo da rês e puxou de lado. O arreio arrebentou, e a sela escorreu pros vazios do cavalo Presidente. Com duas upas, o animal jogou o dono no chão. Onofre apertou a montaria nas esporas, levou a mão no sedenho do boi e puxou pra esquerda. Foi um tombo só.
— Sangra o bicho, gritou o patrão.
— Mato Não! Agora sou o ‘padim’ deste boi.
E passou o laço no pescoço de Chuvisco, que o seguia como um cordeiro.
— O patrão machucou — quis saber o vaqueiro novo.
— Nada grave. Mas não quero que Corina saiba da queda. Coisa de homem. 
Homem esconde suas fraquezas. Se cai do cavalo, a mulher não pode ver, nem saber que o marido caiu...Pensou Ravenala. Outros faqueiros aproximaram-se mordendo os freios a poucos metros de Generoso. Pisoteado pelos cavalos, o chapéu de feltro verde, mais parecia uma bosta de gado esparramada no chão. Generoso desamassou seu chapéu e amarrou o barbicacho. Apertou a cilha, conferiu as rédeas, firmou no estribo e montou novamente no cavalo. Teve vontade de ferir a barriga do animal com as rosetas da espora, até sangrar. Mas não o fez. Olhou para Onofre que estava desmontado, segurando boi Chuvisco pelo cabresto.
— Gostei de seu trabalho, menino! O emprego é seu. Daqui a dois dias temos um encontro marcado com uma pintada. Guarde suas forças porque coragem, sei que tem de sobra!
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Adalberto Lima: Fragmento de Estrada sem fim.
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