Uma Festa na Roça .

Esse caso aconteceu há mais ou menos uns trinta anos atrás, por volta de 1985 ou 86, quando eu ainda jovem, nos meus vinte anos ou pouco mais, já trabalhando aqui nessa cidade onde até hoje moro e que sou apaixonado, aqui cheguei com pouco tempo de formado, ainda com todo entusiasmo a flor da pele, me sentindo importante e necessário em uma época em que a educação e o respeito prevaleciam muito mais que hoje em dia (2016). Aqui como as pessoas estavam acostumados a verem os militares mais velhos, eu cheguei novinho, de certa forma fiz algum sucesso, pois depois de muitos anos sem vir nenhum militar para cá, eu me apresento na flor da idade, jovem, forte, jogando futebol razoavelmente e tentando estudar. Em pouco tempo estava cheio de amizades. Me lembro que por ocasião do termino de um namoro em minha terra natal, eu fiquei bem propenso a festas, aí é que não faltou amizades mesmo. Teve uma vez, que eu fui convidado para ir numa festa na roça. Claro que fui chegando lá em pouco tempo já estava rodeado de pessoas, sempre muito carismático, contador de causos e de piadas e ainda me tornei novidade para muitos e muitas que nunca tinham visto um soldado tão novinho assim, era o alvo das atenções. Sempre bem-humorado, a festa foi animando e o som através de uma vitrola, tocava, Tião Carreiro, Milionário e Zé Rico, até que chegou um companheiro com um disco do Ritchie (menina veneno) e outro do Martinho da vila, aí começa a hora dançante, sem querer me gabar, estava eu muito requisitado e dancei muito. De repente começou uma chuva, uma verdadeira tempestade, trovoes, raios, e adivinhe, a força acabou. Nossa, a turma ficou desolada, foi quando eu falei, ninguém tem radio a pilha aí não, foi só uma risada geral. Depois saboreando um torresminho e uma pinguinha boa, onde a gente via o rosto das pessoas cheio de sombras por causa da iluminação a lamparina, vela e um velho lampião no meio da sala. Alguém deu a ideia de jogar um truco e a turma topou. Alguns foram jogar truco e outros ficaram conversando e sempre na expectativa de acontecer um namoro ou algo mais sério. Então eu falei assim, puxa vida né se a gente tivesse pelo menos um violão, ia animar bastante o pessoal. E continuamos a conversar, mais ou menos uma meia hora depois, chega perto de mim um dos companheiros que estava na festa, todo molhado, coitado, mas com um violão novinho dentro de uma capa e embrulhado em plástico com todo cuidado para não molhar. O Tal amigo montou em um cavalo e cavalgou mais ou menos uns 04 quilômetros para ir e 04 para voltar, só para buscar o violão. Coitado, ele estava até tremendo de frio. Então eu calmamente peguei o violão, fui desembrulhando o plástico, tirei da capa, olhei para ele como se tivesse avaliando o objeto e todo mundo olhando para mim, esperando que eu dedilhasse o instrumento e cantasse qualquer coisa. Foi aí que eu (por incrível que pareça) meio sem graça perguntei. Por acaso alguém aqui sabe tocar? Foi risadas de todo jeito, seguido de palavrões e xingamentos, claro tudo na brincadeira. Mas na festa tinha muitos amigos que sabiam tocar e a festa foi até altas horas muito animada e a luz de lamparina.

WL Pimenta
Enviado por WL Pimenta em 23/11/2016
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