Uma tentativa bem sucedida
Já eram quase onze horas, me deitei olhando o breu do teto no meu quarto, pensava em tudo e ao mesmo tempo absolutamente tudo, meus labios tremiam e eu os apertava na tentativa frustrada de sufocar um choro sem motivo, fechei meus olhos respirando fundo e uma lágrima solitária escorreu pelo olho esquerdo...
Sempre fui um tanto quanto impulsiva e naquele momento sem pensar uma segunda vez, me levantei da cama preguiçosamente, busquei a chave do carro e fui até a garagem, quando destranquei a porta do motorista parei um segundo, que parecia ter durado séculos, mas entrei no carro que havia ganhado dos meus país quando fui morar sozinha, virei a chave e fechei os olhos ouvindo o barulho do motor que era o único som que quebrava aquele silêncio mórbido.
Minhas mãos correndo pelo volante entrava em sintonia com meu pé no acelerador, quando me dei por conta estava em direção a avenida mais movimentada da cidade... Meus labios voltaram a tremer, eu os apertei novamente e consegui sufocar o choro, a junta dos meus dedos estavam brancas tamanha força eu segurava o volante ainda seguindo o fluxo da avenida movimentada.
Não sei explicar o que me ocorreu naquele exato momento, mas me lembro de pisar mais forte do acelerador e soltar o volante. O carro sambou, raspou em outro automóvel, o que o fez capotar três vezes antes de parar de cabeça para baixo. Fiquei presa pelo cinto e ouvi carros freiando, pessoas gritando, o que me fez fechar os olhos e, mais uma vez, meus labios tremeram, mas dessa vez eu não segurei o choro, senti meu corpo cada vez mais mole quando um homem de meia idade veio perguntar meu nome, abri meus olhos e com a voz baixa perguntei se mais alguém havia se machucado, ele negou e voltei a fechar meus olhos com um sorriso leve no rosto, não queria ver o estrago que havia feito em mim, não era preciso... Fui me sentindo cada vez mais dopada e a escuridão trouxe o alívio.