TEM HORA QUE É MELHOR A GENTE NEM VER

Uma grande nuvem escura pairava sobre nossas cabeças, anunciando e pré anunciando uma grande tempestade por vir, via-se relâmpagos no horizonte, mas não se ouvia seus estrondos, fugindo assim de toda lógica natural, pois depois do relâmpago sempre vem o trovão e isso naquele momento não estava acontecendo, pois apenas os relâmpagos eram percebidos, além da escuridão que se aproximava mansamente, mais numa rapidez impressionante. Aquilo tudo causava medo. Eu precisava falar urgente com meu vizinho, estava no portão da casa dele, chamei duas, três, quatro vezes, ninguém respondeu, então me ocorreu que poderiam não estar em casa, mas para desencargo de consciência, resolvi dar um empurrãozinho no portão e este abriu facilmente e sem fazer barulho , chamei mais uma vez e mesmo assim ninguém respondeu. Olhei para a frente e vi que a janela da sala estava aberta e ouvi alguns ruídos parecendo que alguém estava resmungando, chorando, não dava para entender, pelos sons, parecia que era de uma mulher, mas, estava incompreensível. Senti um frio percorrer por todo meu corpo, pensei, será o que está acontecendo, quis voltar, mas não podia deixar de olhar por aquela janela para tentar entender o que estava acontecendo, então pé por pé, fui andando vagarosa e silenciosamente em direção a janela, eu queria ver o que acontecia, mas não queria que eles me vissem. Ao chegar frente a janela aberta, deparei com uma cena assustadora, pois tinha um corpo de um homem no chão, ele estava apenas de short, sem camisa, completamente ensanguentado, agonizando, ainda parecendo estar vivo, mas aquela quantidade de sangue indicava que poderia não sobreviver aos ferimentos, parecia ser muito grave. De frente ao corpo havia uma mulher em pé, ela era linda, estava vestindo um pijama pequenino mostrando todo contorno de seu belo corpo, ela estava com uma grande faca na mão, estava também toda suja de sangue, parecendo que havia acontecido uma luta entre eles. O que não fazia sentido é que, aquele homem, que eu ainda não havia conseguido identificar, era um homem grande, corpulento, muito forte mesmo e ela uma pequena e frágil mulher, com seus longos cabelos louros que naquele momento apresentava-se avermelhado, pois estava manchado de sangue. Ela segurava a faca com uma mão e um celular com a outra, parecendo tentar ligar para alguém, só que ninguém atendia ao telefone fazendo com que ela ficasse nervosa e gritasse, parecendo que o aparelho é que era o culpado pelo seu infortúnio, porém não dava para entender ou perceber se ela pedia socorro ou se ligava para dizer que teria concluído o serviço. Aquele homem, quem era, o que teria acontecido, quando de repente um grande clarão de um relâmpago invade todo ambiente, iluminando aquela sala e em seguida um estrondoso trovão, faz com que meu coração que já estava acelerado com o que estava vendo, quase pulasse para fora do peito, de tanto susto. Nesse momento, a esposa de meu vizinho chegou na sala, me viu pela janela, perguntou se eu queria falar com o marido dela e disse que iria desligar a TV, pois estava com medo dos trovoes danificarem o aparelho. Assim não tive como saber como terminou aquela cena que eu estava vendo pela TV. Meu vizinho chegou, conversei com ele e fui embora, pensando…Tem hora que é melhor a gente não ver, depois a gente fica querendo saber o final. Mas eu não sabia nem o canal que estava passando.

WL Pimenta
Enviado por WL Pimenta em 25/10/2016
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