O pritim de mais de 77 anos
A história é de Zacarias Corgozinho, de Martinho Campos, MG.
Nos meados dos anos 40 num interregno da saída de um vigário até a chegada do substituto, Martinho Campos, que era então Abadia dos Monjolos, ficou ao léu, sob o céu.
A juventude, sem poder se casar na igreja começou a se amancebar de forma preocupante, a ponto de o pessoal mais velho ir seguindo o exemplo dos jovens.
Quando o novo padre apareceu, ele já bem velhinho e rabugento, logo se cansou de batalhar pela legalização das uniões até que se despediu de forma enfática:
- Cansei de casar putinhas! Vou-me daqui.
E se foi. Seu antecessor, no entanto, manobrou na sede do bispado em Belo Horizonte, e retornou a Martinho Campos disposto a disciplinar a rebelde grei.
Sua primeira invectiva foi convocar um "pretinho de mais de 77 anos, que vivia amasiado com uma senhora casada de nome Ambrósia¨.
Esse cidadão dava um duro danado no cabo da enxada e à noite, tomados seus tragos habituais, voltava ao ranchinho onde comia uma mistura de banha de porco com rapadura rapada. E se refestelava, dizendo que estava "comendo gordo", como fazia a gente rica. E se mantinha em boa saúde. Mas no pecado, segundo o padre catequista.
E o padre lhe ordenou deixar a amásia casada de uma vez por todas, se quisesse alcançar o céu.
O pretinho de mais de 77 anos agradeceu ao cura pela gentileza de se ter lembrado da salvação de sua alma, mas retrucou:
- Sô padre, vô querê não. Prifiro i pro inferno de mão dada com a Ambrósia do qui i pro seu céu.