CONTRATEMPO
Esta história foi originalmente escrita com tinta vermelha: foi pelos tempos da "revolução"...
As duas mulheres moravam sozinhas na casa. Um pequeno sobrado, não muito velho. No fundo do quintal, havia uma edícula, um banheiro e um quarto, que servia ao mesmo tempo de despensa e guarda-tralhas.
Aquela tarde trouxe um grande susto. Quando a moça foi entrar no quarto, já pronta para sair, a fim de pegar um par de sapatos, não sabia o que a esperava. Girou o trinco, abriu a porta e , inesperadamente, sentiu um empurrão vindo do lado de dentro. Tentou novamente. Mesmo resultado. Rapidamente ela trancou a dita pelo lado de fora, já que ainda estava com a chave na fechadura. Correu dentro para chamar pela mãe. Esta fez uma tentativa com igual efeito e, com maior rapidez que a filha, trancou a porta novamente.
-Tem ladrão lá dentro, disse quase sem fôlego, já na cozinha.è melhor chamar um vizinho.
Foi o que fizeram, sem grandes lucros. O homem também foi até o fundo, tentou abrir a porta, mas sua coragem fugiu tão depressa quento ele, quando percebeu que o ladrão lá dentro não cedia. Achando que não podia resolver tal caso sem ajuda, chamou as duas e disse:
-Melhor mesmo é chamar a polícia. Vá você, enquanto fico com sua mãe.
-Está certo, disse a moça, pegando rapidamente as chaves do carro. No que saía, chegou uma amiga.
-Já que chegou alguém, vou para casa, disse o vizinho, esfregando as mãos animado.
Saiu a moça atrás da polícia, procurando uma viatura pelas redondezas, daquelas que andavam sempre à cata de subversivos. Nada. Resolveu ir até a Delegacia. Uma fila. Mil casos. Alguém notou que a moça se distanciava dos tipos por ali. Atendeu-a. Ouvido o caso, logo chamou um investigador. A história foi repetida. Por duas vezes já haviam tentado entrar na casa onde as duas moravam sozinhas.
-Onde é?
-Perto daqui.
-Certo. Você vai na frente. Vou mandar uma viatura.
A eficiência foi grande. Quando ela olhou para trás, tres carros mais sirenes ligadas e guardas armados até os ombros ( como se dizia e ainda se diz). Próximo do local que ela indicara, desligaram as sirenes para não alarmar o bandido. Diante da casa, que estava em reforma, pararam os carros com grande estratégia, cercando todas as saídas. Como sopros, os policiais saíram e já foramentrando. Na sala, um escorrega e quase cai. Outro vai subir a escada, tropeça no tapete.
-Não é aqui dentro, avisa a dona da casa.
Passam velozes para o quintal. cercam a área. Entrincheiram-se nos buracos cavados pelos pedreiros. Alguns passam à casa do vizinho. Armas prontas, abrem a porta. Empurram de dentro. Tentam mais uma vez. A mesma reação. Afastam-se todos, protegem-se, dão um tiro para o ar e gritam:
-Saia com as mãos para cima. Estamos armados. Saia com as mãos na cabeça!
As mulheres, dentro da casa, sobem em cima da pia, para espiar pelo vitrô. Coragem feminina!
Mas o ladrão resiste. Nada de sair. Os homens decidem-se.
-Vamos estourar a porta.
Em pouco, chegam vitoriosos à cozinha:
-Dona, pode ficar tranqüila. O caso está resolvido. Aqui está o gatuno. Estava mesmo atrás da porta e resistiu até o fim. E gloriosamente a dona recebeu dos soldados a sua vassoura de pelos.
Esta história foi originalmente escrita com tinta vermelha: foi pelos tempos da "revolução"...
As duas mulheres moravam sozinhas na casa. Um pequeno sobrado, não muito velho. No fundo do quintal, havia uma edícula, um banheiro e um quarto, que servia ao mesmo tempo de despensa e guarda-tralhas.
Aquela tarde trouxe um grande susto. Quando a moça foi entrar no quarto, já pronta para sair, a fim de pegar um par de sapatos, não sabia o que a esperava. Girou o trinco, abriu a porta e , inesperadamente, sentiu um empurrão vindo do lado de dentro. Tentou novamente. Mesmo resultado. Rapidamente ela trancou a dita pelo lado de fora, já que ainda estava com a chave na fechadura. Correu dentro para chamar pela mãe. Esta fez uma tentativa com igual efeito e, com maior rapidez que a filha, trancou a porta novamente.
-Tem ladrão lá dentro, disse quase sem fôlego, já na cozinha.è melhor chamar um vizinho.
Foi o que fizeram, sem grandes lucros. O homem também foi até o fundo, tentou abrir a porta, mas sua coragem fugiu tão depressa quento ele, quando percebeu que o ladrão lá dentro não cedia. Achando que não podia resolver tal caso sem ajuda, chamou as duas e disse:
-Melhor mesmo é chamar a polícia. Vá você, enquanto fico com sua mãe.
-Está certo, disse a moça, pegando rapidamente as chaves do carro. No que saía, chegou uma amiga.
-Já que chegou alguém, vou para casa, disse o vizinho, esfregando as mãos animado.
Saiu a moça atrás da polícia, procurando uma viatura pelas redondezas, daquelas que andavam sempre à cata de subversivos. Nada. Resolveu ir até a Delegacia. Uma fila. Mil casos. Alguém notou que a moça se distanciava dos tipos por ali. Atendeu-a. Ouvido o caso, logo chamou um investigador. A história foi repetida. Por duas vezes já haviam tentado entrar na casa onde as duas moravam sozinhas.
-Onde é?
-Perto daqui.
-Certo. Você vai na frente. Vou mandar uma viatura.
A eficiência foi grande. Quando ela olhou para trás, tres carros mais sirenes ligadas e guardas armados até os ombros ( como se dizia e ainda se diz). Próximo do local que ela indicara, desligaram as sirenes para não alarmar o bandido. Diante da casa, que estava em reforma, pararam os carros com grande estratégia, cercando todas as saídas. Como sopros, os policiais saíram e já foramentrando. Na sala, um escorrega e quase cai. Outro vai subir a escada, tropeça no tapete.
-Não é aqui dentro, avisa a dona da casa.
Passam velozes para o quintal. cercam a área. Entrincheiram-se nos buracos cavados pelos pedreiros. Alguns passam à casa do vizinho. Armas prontas, abrem a porta. Empurram de dentro. Tentam mais uma vez. A mesma reação. Afastam-se todos, protegem-se, dão um tiro para o ar e gritam:
-Saia com as mãos para cima. Estamos armados. Saia com as mãos na cabeça!
As mulheres, dentro da casa, sobem em cima da pia, para espiar pelo vitrô. Coragem feminina!
Mas o ladrão resiste. Nada de sair. Os homens decidem-se.
-Vamos estourar a porta.
Em pouco, chegam vitoriosos à cozinha:
-Dona, pode ficar tranqüila. O caso está resolvido. Aqui está o gatuno. Estava mesmo atrás da porta e resistiu até o fim. E gloriosamente a dona recebeu dos soldados a sua vassoura de pelos.