MINHAS SECRETÁRIAS (PARTE 1)

Cedo, recebo um comunicado pra lá de chato:

- Alô... Senhor Severiano?

- Sim! Com quem eu falo?

- É o seu advogado Lopes! Quero comunicar que perdemos a causa pela segunda vez, o juiz Mora determinou o pagamento mensal de 1. 500 reais para a senhora Cristina Aguillera. Lamento.

- Não tem problema! A culpa foi minha de não ter jogado umas verdinhas nas mãos dos caras.

Desliguei o aparelho, não tive mais saco para alargar a conversa. Tomei banho, vesti meu paletó e fui para meu escritório na Casa dos Políticos. Perdi minha secretaria há mais de um mês, precisava de uma nova, por esse motivo cheguei mais cedo, assim como nas ultimas semanas. O primeiro entre os deputados, os demais chegariam à tarde para tomarem o café vespertino e marcarem uma reunião na reunião marcada pra aquele dia.

O mês de Março foi agitado em meu gabinete, uns caras de umas empresas queriam minha colaboração em alguns projetos, pedi em troca pequenas quantias para a construção de um centro poliesportivo nos próximos anos na cidade, de imediato depositaram uma ‘merreca’ em minha conta pessoal. O negocio, me tirou do buraco.

Na Casa dos Políticos, convivo com variados tipos de gente: Casados (as); divorciados (as), sapatões, veados, transexuais, cornos e traídas, qualquer espécie que se possa imaginar, encontrava-se nos corredores, a maioria de ternos e gravatas.

Algumas senadoras com seus mais de 40 anos olhavam-me de formas atraentes e provocantes. As mais bem conservadas era transa na certa, o melhor delas foi à senadora Alex Taxes do partido FCB do Sul, foi uma foda incrível, anal, vaginal e oral, tudo no limite, chupava como se fosse a ultima matéria úmida numa galáxia condenada a secura eterna. Depois da ultima eleição não a vi mais, provavelmente, não conseguiu reeleição.

Antes de entrar no meu gabinete pessoal, encontro com o presidente da casa.

- Bom dia!

-Bom dia- respondi. E só.

O presidente não tem o costume de conversar muito com os opositores. Andava mais calado que antes, após encontrar sua mulher, 23, fazendo sexo com os seus quatro assessores em seu gabinete. Naquele dia foi um reboliço interno na casa, fecharam as portas do gabinete, depois de um tempo, saíram normalmente como se nada houvesse acontecido, o acontecimento acabou sendo vazado, e em pouco tempo muitos estavam sabendo dos oitos chifres presidenciais.

A frieza do líder evitou que tabloides de fofocas soubessem e espalhassem a noticia como um vírus maligno num sistema operacional, colocando em risco seu posto, “já que os eleitores estavam cada vez mais interessados no mundo politico”.

Resolvo não trabalhar. Peço um café. Trouxera-me. Enquanto bebo, pego uma folha em branco e um lápis. Começo a rabiscar os nomes das minhas ex-secretárias, as mais importantes ao longo desde oito anos de cargo público.

Rebeca Smith, a primeira. Loira de olhos azuis, descendentes de ingleses, foi indicada pelo ex-dono do gabinete que agora ocupo, disse-me que a garota de 25 anos, ‘já havia sido escolhida para o posto e para não decepciona-la, pediu-me como favor que a convocasse’. Era difícil, não olhar em seus olhos e mergulhar em um mundo de fantasias e desejos. Sua beleza chamava atenção dos veteranos que aparecia com qualquer pretexto de conversa. Velhos, carecas e barrigudos era o perfil dos mais descarados, mandavam beijinhos nas despedidas, traziam caixas de chocolate para agrada-lhe, perguntavam o dia de seu aniversário prometendo motocicletas e belos carros para ela deixar de andar a pé.

Um mês depois de serviços prestados, o vice- presidente da casa furou meu olho e a levou com a promessa de um salário cinco vezes maior, folgas nas sextas e passagens grátis para Manchester (Inglaterra), para visitar seu irmão. Depois desse rapto, me aconselharam a não vacilar mais, pois o roubo de secretárias de novatos era como roubar doces de crianças, um estágio para as futuras falcatruas.

Maria de Jesus, formada em administração na Universidade do Estado, vivia num subúrbio à Cinco quilômetros da Casa dos políticos. Maria foi a única a aparecer no dia da entrevista, o que não me surpreendeu, pois não divulguei em rádios ou na internet, somente nos classificados do Jornal O Aparecer.

Maria de Jesus era tímida, morena não usava roupas provocantes como Rebeca Smith, mas percebi que tinha um corpão. Na época estava solteiro, “quase solteiro”, vivia com desavenças com uma filhinha de papai que me pressionava para casarmos. Maria de Jesus sempre trazia os documentos separados e mim ajudava a elaborar projetos que seriam analisados pela Casa. Numa semana de greve nos transportes públicos, levei-a no meu carro para sua residência. Apesar das péssimas condições de acesso ao subúrbio, não reclamei, na despedida a beijei e no outro dia em diante, namorávamos. Um dia, depois de tanto seduzi-las, transamos, na minha mesa. Quando se despiu, um corpo moreno, divino. Ao penetra-la, surpresa, era virgem, o sangue da dor e do prazer escorreu nos papeis e na mesa. Depois da primeira vez, todos os dias, no banheiro e no gabinete. Seu enorme quadril, seus beiços carnudos me davam prazer e orgasmo, eu lhe dava ademais, dinheiro.

Despediu-se, com uma carta:

Bom dia, senhor Deputado.

Desculpe-me, mas, reencontrei um amigo de infância, está um negão enorme e muito rico, dá dois de ti, nunca te esquecerei de ti caramba, pois tirou meu cabaço.

Com carinho e tesão.

Maria de Jesus...

Fiquei revoltado com a notícia, mas logo entendi a ordem natural das coisas. Nada difere os relacionamentos na natureza dos racionais e irracionais, o mais forte é sempre o vencedor, o mais esperto tem mais vantagem, e quem tem mais dinheiro tem poder, a junção dos dois primeiros.

Escrevi o nome de Theisa Rodrigues, uma senhora de 40 anos de idade, mãe evangélica, morava em outra cidade. Chegava sempre atrasada por causa do percurso. Foi minha secretária por seis meses, durante esse período faltou diversas vezes, alegava problemas familiares. Certo dia, seu filho, um jovem na faixa dos 16, chegou para pedi-lhe algo, dinheiro provavelmente, pouco tempo depois, policiais invadiram a Casa dos Políticos, colegas se esconderam detrás de privadas. Os fardados vieram falar com a mãe de um jovem detento, com Theisa Rodrigues, seu filho havia sido preso por roubo e consumo de drogas. Theisa deixou o gabinete pouco tempo depois.

CONTINUA...

Ricardo Peralta
Enviado por Ricardo Peralta em 19/09/2016
Reeditado em 19/09/2016
Código do texto: T5765557
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