A Santa do pau ôco

Havia uma santa, num certo lugarejo próximo de Ponte Nova, MG, minha terra natal, que as pessoas faziam fila pra vê-la.

Caravanas e caravanas de fieis em busca de milagres.

O pessoal chegava, de carro, à cavalo, em charretes e eu ainda criança com uns 9 anos, sei lá, sequer me lembro como fui parar lá.

Puseram um véu na cabeça da pobre menina, (acho que ela devia ter naquele tempo, uns 13 anos e era uma morena muito bonita, acomodada sobre uma cadeira de madeira velha e rústica, bem posicionada junto à cerca de um curral de uma pequena propriedade rural.

O espertáculo era de circo e no ápice da grande farsa, caiam rosas vermelhas do céu, na linda cabecinha dela e os fieis, me lembro bem, todos católicos, não existiam evangélicos naquele tempo e era de fato, uma cena que emocionava pela fé que brotava e brilhava nos olhos daquelas pobres e desesperadas pessoas, em busca de cura, emprego, amor, etc, etc.

Muito romântico, que lindo, um dia, um certo dia em que eu estava junto, um tio meu chamado Carlito, lá de Ponte Nova, ainda morando lá, foi, e meio bêbado, ou totalmente bêbado, olhou pro céu e viu que as pétalas de rosa, saiam entre galhos de uma arvore frondosa. Acho que era uma enorme mangueira.

Ele tentou ir pra debaixo da arvore gritando que havia um "anjo" lá em cima trepado na dita cuja com um balde cheio de pétalas e não permitiram que ele ultrapasse o cercado.

Queriam bater nele, espancá-lo, mas de repente outras pessoas viram também e foi um quebra-quebra, uma zorra total, quase lincharam a pobre santa.

Nesse caso, os fieis estavam convictos da santidade da menina, mas as provas falavam o contrario.

A moral da história é que as vezes os convictos são merecidas vitimas das provas que contradizem as suas próprias convicções.

kkkkkkkkkkkkkkkk

Alguns anos se passaram, eu me mudei de Ponte Nova e soube que a pobre e abençoada "santa" estava trabalhando como doméstica na casa de uma das minhas tias.