Saudades da infância

Passando por este estradão,

vejo lá adiante, uma casinha

sendo consumida pelo tempo.

Um mata burrão na entrada,

e a velha porteira, que me traz à memória

toda a minha história.

Minha mãe, debulhando o milho

pras galinhas no terreiro, e seu

fogareiro a aquecer o café.

Meu pai, com sua enxada nas mãos,

remexendo a terra pra fazer a plantação.

Meu irmão chegando

em seu cavalo todo traiado,

que, atrás de gado, vivia a tocar.

Pegava a sua viola e conosco vinha cantarolar.

Ainda vejo o meu balanço

amarrado naquela mangueira,

onde todas as tardes eu ia brincar.

Armar arapuca no mato, pular no ribeirão,

ouvir o grito da galinha, quando termina de botar.

A casinha do joão-de-barro , e a siriema em cima do mourão a gritar.

Hoje, tomada pelo tempo, habitada pelos parasitas, só o que me resta é a saudades da minha infância.

Maurício Generoso
Enviado por Maurício Generoso em 30/06/2016
Reeditado em 18/10/2020
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