Saudades da infância
Passando por este estradão,
vejo lá adiante, uma casinha
sendo consumida pelo tempo.
Um mata burrão na entrada,
e a velha porteira, que me traz à memória
toda a minha história.
Minha mãe, debulhando o milho
pras galinhas no terreiro, e seu
fogareiro a aquecer o café.
Meu pai, com sua enxada nas mãos,
remexendo a terra pra fazer a plantação.
Meu irmão chegando
em seu cavalo todo traiado,
que, atrás de gado, vivia a tocar.
Pegava a sua viola e conosco vinha cantarolar.
Ainda vejo o meu balanço
amarrado naquela mangueira,
onde todas as tardes eu ia brincar.
Armar arapuca no mato, pular no ribeirão,
ouvir o grito da galinha, quando termina de botar.
A casinha do joão-de-barro , e a siriema em cima do mourão a gritar.
Hoje, tomada pelo tempo, habitada pelos parasitas, só o que me resta é a saudades da minha infância.