Confissões de um curiboca
Seu padre eu vim aqui pro mode me confessar. Tem noite que não drumo de tanto penar, com a cuca doída eu não agüento mais ficar. Pro mode isso vim pedir pro Senhor me escutá. Penso noite e dia no má que fiz pra mãe natureza, ao desmatar. Precisava os meus fios dá de comer, e só vendendo lenha pra mode a feira arranjar. Sei que cometi esse tá de crime ambientar, mas seu padre num fale pros zome, pro mode eles não me levar.
A mata era muita, imensa capoeira sem fim que dava até pra esconder uma cabroeira inteira, certo qui hoje tá pouca. Os bichos foi embora, não se acha mais tatu nem preá. Muito menos codorna, nambu, curduniz e nem mêrmo imbú cajá. As veis seu pade, eu me ponho a pensar, oxênte home, tu não foi o único a mata derrubar, mais bem que tu podias evitar.
Chegava até pegar na enxada e sair pra trabalhar. Trabaiá em que? Só se fosse queimando lenha pra fazer carvão. Então desmatei, muito pé de pau derrubei, e minha mão calejei. A lenha na terra estava a queimar, poluindo o mei ambiente, esfumaçando o ar, que tanto má faz pro planeta como pra gente. Lenha queimada pra virar carvão tão negro e escuro como está agora o meu coração.
Tinha noite seu pade, que eu e cumpadre coruja saia pra mode caçar. Naqueles dias tinhas muita paca, estavam cheias de preá as aratacas, e veados tinha de montão pra mode nois matar. Quem lá ia adivinhar que tudo aquilo ia acabá? Será que nois caçava no tempo errado? Ou será que derrubar a mata é pecado? Pois se for ,eu e muita gente tamo lascado.
Agora tão arrependido eu tô, e vendo que de uns dias pra cá o tempo melhorô, dexei de caçar, e vivo pé de árvores a plantar. Planto umbuzeiro, mangueira, laranjeira e cajueiro. Sei que sozim não vou resorver os pobremas do planeta, mas não fui só eu que fez estrondar a trombeta. Mas diga o Senhor seu Pade, para com essa minha agonia acabá, quantos Pais Nosso e quantas Ave Marias devo rezá?
Marcos Antônio Lima
Seu padre eu vim aqui pro mode me confessar. Tem noite que não drumo de tanto penar, com a cuca doída eu não agüento mais ficar. Pro mode isso vim pedir pro Senhor me escutá. Penso noite e dia no má que fiz pra mãe natureza, ao desmatar. Precisava os meus fios dá de comer, e só vendendo lenha pra mode a feira arranjar. Sei que cometi esse tá de crime ambientar, mas seu padre num fale pros zome, pro mode eles não me levar.
A mata era muita, imensa capoeira sem fim que dava até pra esconder uma cabroeira inteira, certo qui hoje tá pouca. Os bichos foi embora, não se acha mais tatu nem preá. Muito menos codorna, nambu, curduniz e nem mêrmo imbú cajá. As veis seu pade, eu me ponho a pensar, oxênte home, tu não foi o único a mata derrubar, mais bem que tu podias evitar.
Chegava até pegar na enxada e sair pra trabalhar. Trabaiá em que? Só se fosse queimando lenha pra fazer carvão. Então desmatei, muito pé de pau derrubei, e minha mão calejei. A lenha na terra estava a queimar, poluindo o mei ambiente, esfumaçando o ar, que tanto má faz pro planeta como pra gente. Lenha queimada pra virar carvão tão negro e escuro como está agora o meu coração.
Tinha noite seu pade, que eu e cumpadre coruja saia pra mode caçar. Naqueles dias tinhas muita paca, estavam cheias de preá as aratacas, e veados tinha de montão pra mode nois matar. Quem lá ia adivinhar que tudo aquilo ia acabá? Será que nois caçava no tempo errado? Ou será que derrubar a mata é pecado? Pois se for ,eu e muita gente tamo lascado.
Agora tão arrependido eu tô, e vendo que de uns dias pra cá o tempo melhorô, dexei de caçar, e vivo pé de árvores a plantar. Planto umbuzeiro, mangueira, laranjeira e cajueiro. Sei que sozim não vou resorver os pobremas do planeta, mas não fui só eu que fez estrondar a trombeta. Mas diga o Senhor seu Pade, para com essa minha agonia acabá, quantos Pais Nosso e quantas Ave Marias devo rezá?
Marcos Antônio Lima