AS ARTIMANHAS DO DEMÔNIO
ZIcão Barro Preto vivia de fazenda em fazenda: amansando burros, amestrando bois de carro, roçando pastos, lavrando pau para eixo de carro e outros serviços mais pesados. O que interessa e que Zicão estava passando por uma má fase e resolveu fazer um pacto com o demónio.
É voz corrente no interior deste nosso agora cinzento Brasilzão, que o demônio costuma aparecer nas poeirentas encruzilhadas das estradas rurais. Todo mundo sabia disso e Zicão ficou sabendo também.
Como precisava de dinheiro e ficou sabendo que em troca de sua alma o capeta lhe daria uma fortuna, nosso sofrido peão, vagarosamente, foi para encruzilhada em seu magro e enfraquecido cavalo.
Atingiu o sítio buscado, e lá deitou numa laje de pedra, com o corpo cansado logo o sono tomou conta dele.Zico só acordou com alguém lhe cutucando com a ponta da bota: perguntou ao ainda sonolento dorminhoco , que não esperou pela pergunta: não estou nem bêbado, nem doente, meu problema é pobreza, explicando seu propósito. Ao que o desconhecido apresentou logo uma solução: O coronel João Estevam vendeu uma boiada, lá na fazenda do homem tem dinheiro facinho facinho, eu sei como se faz o serviço. No tempo que você fica aí esperando por esse cara enrustido que ninguém nunca viu, vem comigo e agora mesmo você estará com os alforjes cheios de dinheiro.
Chegando na fazenda de João Estevam, o misterioso desconhecido entrou, de dentro da casa ouviu-se dois tiros, e aquele que entrou de mãos vazias voltava agora com seis alforjes estufado, jogando-os nos pés de Zicão que abaixou os olhos, ao levantar a vista não mais viu seu novo parceiro.