Uma história sobre alguém diferente

Sempre fui uma bagunça. Antes, costumavam dizer "você precisa se organizar, uma moça que se preze precisa ser organizada", ridículo! Para se prezar, não é necessário ser arrumada, ter seus pensamentos em ordem. Essa sempre foi uma tarefa bastante difícil para mim. Me chamavam de estranha, e, sabe, não poderia haver apelido melhor! Eu era estranha, a quem eu poderia enganar? Porém não via problema nisso. Percebe-se agora o quanto meu modo de pensar sempre foi diferente dos padrões. Padrões, outra coisa ridícula, que abomino. Bom, eu não via problema em ser uma garota bagunçada mentalmente, fisicamente e talvez psicologicamente. Era fascinante! Vai por mim, quando você resolve ser aquilo que as pessoas impõe que você não seja, é uma experiência libertadora. Cresci com críticas de todos os lados. "Ei, olha aquela estranha ali", diziam na rua. Eu continuava seguindo, continuava vivendo. Opiniões de pessoas assim nunca mudaram nada na minha forma de viver e pensar. Cresci e me tornei muitas coisas. Escritora, formada em engenharia química, cursando astronomia, e nem um pouco arrependida por sempre ter sido quem eu era. Sem máscaras, sem essa de fingir, e, para ser sincera, é bom ser aquilo que a sociedade denomina "lixo", sabe por que? O lixo sempre serão eles.

Leticia Moura
Enviado por Leticia Moura em 04/05/2016
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