O garoto, o pai e uma pescaria...

No fundo da chácara, passava majestoso o Rio Paraíba, sem poluição; havia uma grande fartura e variedade de tipos de peixes.

Num raro final de semana, daqueles que não se esquece, seu pai resolveu testar uma nova linhada; um tipo de pesca, onde a linha apropriada para pesca era enrolada em uma lata pequena, com chumbada e anzol.

Assim ele preparou, escolheu uma lata vazia, que condicionava leite em pó, enrolou uma quantidade de linha; o suficiente para um bom arremesso de 50 metros; colocou a chumbada e empatou um bom anzol. Mandou o garoto pegar o enxadão e foram à beira do Rio. Chegando ao local, enquanto seu pai escolhia um bom lugar à beira do rio, o garoto cavoucava o barranco a procura de minhocas, pois tinha que ser minhoca brava; das mansas ele não gostava. Escolhendo a melhor, iscou no anzol de jeito peculiar, foi até um local onde já era costume pescar, embaixo de uma frondosa árvore de paina, pois ali o curso do rio não tinha grande correnteza; local ideal para pesca. Confiante no sucesso de um bom arremesso, pedindo para o garoto se afastar, com a mão esquerda segurava a lata, e com a direita, fazia círculo com a linha em cima de sua cabeça para ter velocidade para arremessar, e lá se foi a linha, foi um perfeito arremesso. Ela viajou no ar, até mais do que desejava, eles acompanhavam o trajeto da linha que mergulhava nas águas do rio, foi quando ele notou que não tinha amarrado o final da linha na lata, e toda linha foi para a água sem poder fazer nada, ficando sem ação, apenas com a lata vazia na mão. A linha ainda flutuava e afundava aos poucos, para tamanha decepção de seu pai. O garoto conteve o riso e não falou nada, pois se comentasse algo, acabaria apanhando, abafando o riso foi subindo o barranco, vindo logo atrás seu pai que dizia:

- Não fale nada, fique quieto, pois vou fazer outra linhada.

Teimoso e frustrado pelo fracasso diante do filho e não admitindo o erro, retornou ao ritual em fazer novamente. Pegou a lata vazia e iniciou amarrando a linha e testou várias vezes, para verificar se ela estava bem amarrada, enrolou de novo o suficiente, colocou chumbada, empatou o anzol; pronto agora sim tudo perfeito, e foram os dois em silêncio para pesca. Tudo se repetiu: a melhor minhoca, o ponto estratégico, embaixo da grande árvore, pediu novamente para o garoto se afastar, segurando a lata com a mão esquerda, e com a direita fazia novamente o circulo para o arremesso, e foi à linha. Só que ao invés de um lance normal, a linha foi muito alta, e se prendeu no galho da grande Paineira, que falta de sorte! E o incrível que, mesmo seu pai puxando para soltar não conseguia, já não estava nada dando certo e mais isso, cada vez mais nervoso deu um puxão com muita força, que quando a linha soltou, veio com muita velocidade ao seu encontro, a linha, a chumbada e o anzol bateram com violência em sua perna, fisgando o anzol na sua perna por cima da calça. Dando um brado retumbante de dor, acompanhado por alguns palavrões: "Aaiiii..."

Agora o garoto já não achava graça, seu pai tirou o anzol da perna, enrolou a linha na lata, desistiu da pescaria, e voltaram para casa em silêncio, sem peixe e torcendo para que ninguém aparecesse e perguntasse:

"Cadê o peixe?"

" Um capítulo do livro Onde estão as borboletas? de minha autoria.

Novaes Viva Mocidade
Enviado por Novaes Viva Mocidade em 18/04/2016
Código do texto: T5609008
Classificação de conteúdo: seguro