SÍTIO SHALOM

Sítio Shalom!

Fui feliz na época que tive sítio em São Roque. Uma chácara perto de São Paulo há 48 km de distancia, que cresceu com as minhas posses e com a idade dos meus filhos. Comprei em 1978 parcelado em 60 meses fixas, sem correção. Inicialmente comprei um lote de 1.200m², mandei abrir um poço e construir um quiosque. Instalava meu Trailer e passávamos os fins de semana. Com o advento do Plano Real, pude construir minha casa com três sutes, garagem com banheiro, uma ampla sala em éle, lavabo e cozinha, e, dependências de empregada com quarto, sala, cozinha e banheiro, durante um ano a preço fixo. Com o tempo fui comprando outros lotes vizinhos e 5.000m por força do usucapião, perfazendo um total de 10.000m². Mandei cercar com arame enfarrapado, e, posteriormente entrelaçada com farpas de taquara. Por fim troquei essa cerca rudimentar por outra de alambrado com duas fieiras de tijolo de concreto. Havia instalado uma piscina de fibra e uma churrasqueira. Os filhos foram crescendo, vieram as namoradas, os amigos deles e os nossos também. Houve muitas confraternizações dos dias das mães, dos pais, festas juninas, de páscoa e de Natal. Todas essas deixaram muita recordação, até hoje comentadas. Meus pais frequentaram muitas vezes, assim como aminha saudosa sogra Colette. Nos aniversários dos filhos e netos vinham as famílias de todos ambos os lados. Muitos acampamentos dos escoteiros foram instalados no sítio que havia batizado de Shalom. Meu caseiro plantava milho e feijão. Mas o solo não se prestava para o cultivo de frutas, pois o terreno fora explorado pelo reflorestamento com o plantio de eucalipto que sugou todo o solo d’água. Criei cabritos durante um bom tempo, pois as galinhas os predadores da noite as comiam e nunca botavam ovos, só as do caseiro eram produtivas e defendiam seus predadores. Depois criei vaca que produzia mais leite do que se consumia, assim, produzíamos queijos e vendíamos leite pros caseiros das vizinhanças. Nunca recebi as vendas fiadas, pelas desculpas dos seus patrões que atrasavam os pagamentos dos seus empregados. Finalmente troquei a criação pelos avestruzes, que botavam ovos equivalentes à dúzia dos de galinha. Estes, quando vazios faziam a alegria dos visitantes que levavam souvenir. Comprei um cavalo alazão que serviu de condução pros caseiros irem à cidade, e, para alegria dos netos, tanto ao cavaleiro como também a amazona. Obtivemos uma linha telefônica, que mais atrapalhava do que ajudava, pois os caseiros faziam ligações interurbanas, e os vizinhos pediam para chamar seus familiares. Sem contar o susto com as chamadas noturnas que atendia com mal pressagio dos meus que estavam fora. Vendi-a em 2013, por não mais atender os interesses dos filhos e netos, e pela baixa frequência dos amigos, abaixo do preço de mercado, pela falta de manutenção em geral da construção. Assim foram os anos felizes que o sitio nos proporcionaram nesses 35 anos de latifundiário. Agora sou mais feliz ainda pelo descompromisso do Imposto Predial, Obrigações Trabalhista, despesas com manutenção de piscina, cortador de grama, pagamento do consumo de energia e de salário ao caseiro e veterinário. Não correr riscos rodoviários nem combustíveis, pedágio, multas de transito, em fim aqueles sofríveis pela utilização. Estou numa felicidade maior do que aquela inicial.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 09/04/2016
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