Vida- ) Bom velhinho
Vida
O bom velhinho seguia pela estrada.
Estava roto, faminto, com as pernas doloridas pela caminhada, mas não havia mágoa em seu olhar, pois compreendia a dor que o torturava.
Vivera só com a esposa amada, não tiveram filhos, mas ela já se fora para a Vida Eterna e ele agora só, doente cansado, com os cabelos prateados pelo tempo, seguia seu caminho.
Por vezes trôpego, tornozelos inchados, doloridos, repousava à sombra de uma arvore e em silencio, com seus olhos fechados, agradecia ao Pai Eterno,
por poder sentir a natureza, e então refeito, seguia pela estrada sem rumo, sozinho, sem teto.
De vez em quando era interpelado por pessoas que o maltratavam, julgando-o louco ou bêbado, pela maneira maltrapilha e cambaleante do seu modo de andar devido as dores que o fustigavam.
Diante de tudo o velhinho sorria...Nunca proferira uma má palavra ou um escárnio. Nos momentos mais dolorosos quando a fome tirava-lhe as forças,
era lhe oferecido por pessoas bondosas um prato de refeição bem quentinha.
Agradecia louvando a Deus, mas se alguém por ali estivesse e com os olhos brilhantes pelo cheirinho bom do prato fumegante, aquele olhar que ele bem conhecia, sem duvidas repartia com o irmão o alimento abençoado e agradecia aos Céus por essa benção.
E pela estrada seguia o bom velhinho!
Um dia... sentiu se estranho. Notou que o solo faltava lhe sob os pés. Seus olhos embaçados por um momento não podiam ver, mas de repente... em um segundo, “sentiu” toda a sua vida lhe passando pela mente.
Uma calma estranha lhe chegou ao coração, sabia o que estava acontecendo, então mais uma vez em prece chorou emocionado.
Com lagrimas de alegria banhando seu rosto, sentiu nas suas, as mãos de sua esposa amada. Chorou...calmo remoçado, recompensado pelo sofrimento, de mãos dadas com sua jovem esposa, lá vai o bom velhinho *volitanto pela estrada!
* volitando ou levitando.
RoseRolim