A mulher fogosa do Jazz

Todo mundo já teve uma desventura amorosa-afetivo-sexual em sua vida. Quem nunca bebeu e terminou a festa brincando de São Jorge que suspenda o álcool. Alguns têm coragem de contar, outros levam esse segredo para o caixão e alguns outros contam só para um amigo e ele tira um print screen e divulga pra toda a rede virtual. Mateus se encaixou no último caso.

Se o problema do rapaz fosse o excesso de álcool no corpo ele teria bom álibi, porém, na época ele não bebia nem vinho. O que aconteceu foi puro instinto idiota mesmo. Para quem não conhece ou não teve infância, o Jazz era a creche das perversões. Dificilmente se encontrava alguém com mais de 18 anos no recinto e era o point ideal para as crianças irem beber escondidas de seus pais e tirarem fotos para sites de baladas escondendo os copos.

E em um dia de tédio, Mateus resolveu ir se divertir no Jazz. Divertir era uma palavra meio pesada. Raras vezes lá tinha um showzinho de rock ou coisa de qualidade. Era sempre DJ alguma coisa e as mesmas músicas. Mas entre ficar em casa ou ir procurar umas piriguetes no Jazz, o instinto carnal falou mais alto. É preciso citar as pré-festas. Às vezes elas eram mais divertidas do que a própria festa em si e é numa delas que as cortinas do espetáculo será narrado se abrem. Quantas vezes a turma de Mateus chegava na porta e tínha que voltar pra carregar um amigo que passou mal e não conseguiu nem entrar no estabelecimento? Mas isso é outra história, agora é a história daquela menina.

Aquela menina que ninguém quer pegar, mas todo mundo já pegou. Aquela que te come com o olho e que é quente por dentro. Tão quente que você dá um abraço nela e seu filme é queimado instantaneamente e você nunca mais consegue catar outra mulher na vida. Aquela menina que não existem adjetivos negativos para denegrir a sua beleza, exatamente pela falta desta qualidade. Exato, essa mesma que você pensou. Pois é. Lá estava ela sozinha, clamando por um príncipe encantando e mandando os amigos dela chegarem para o Mateus e falarem que ela estava super afim dele e que estava apaixonada. O rapaz recusou, recusou, recusou, pens..., recusou, chegou a cogitar uma hip... recusou e foi para o Jazz.

Ela, tonta, aperta a bunda do rapaz no meio do caminho, assustando-o. Uma esquina depois ela tenta beijá-lo a força e ele a empurrei. Nesse momento ela começa a chorar. Seu pobre coração com buraquinhos ficou com dó. Chegando ao Jazz, estava bem vazio. Ele olha para a vizinhança e não tinha nenhuma mulher acessível pro seu nível e ele sabia que ia sair de lá sem pegar nenhuma gatinha. Certo disso, Mateus resolve vencer o preconceito e aceitar a missão de ficar com a mulher fogosa. Sabia que seria zoado no outro dia, mas como já estava determinado nem pensou em desculpas e iria assumir que foi fraco e que pegou a menina mesmo.

Enfim, o romance! Mateus chegou perto dela, falou oi e não se lembra de mais nada. Somente da falta de ar, mas ao mesmo tempo seus pulmões recebiam oxigênio boca a boca. Lembrou-se também das suas costas esfolando na parede, do gosto ruim de cigarro (sim, ela fumava) e dele tentando escapar, mas a criatura parecia ter oito braços e lhe deu uma prendida das bens boas (ruins). Após esse beijo ultrarromântico, ele virou de costas e fugiu, indo dar uma voltinha. Ela o seguia por toda parte. Às vezes ele entrava no banheiro e ficava lá horas e horas, a danada na porta. Rezou aos céus para que ela fosse embora, mas nada. Um amigo seu estava com outra donzela e eles iam subir juntos. Finda a festa, saíram do recinto e enquanto ele dava uns pegas de despedida na menina, Mateus foi levar a mulher fogosa até a esquina.

No último amasso, ela olha para ele e fala:

- Nossa sabe, gostei muito de ter ficado com você, foi como um sonho pra mim sabe. Você é tão gentil, educado, bonitinho, te achei muito especial.

- Obrigado – respondeu o coitado e pensou em falar “digo o mesmo de você”, mas sua ironia não chegava a tal ponto – até que foi legal.

- Sabe, eu não queria muito ir embora porque eu tô sozinha lá em casa. Vou ter que dormir sozinha lá...

Na hora ele sentiu a indireta, mas como precisava de uma resposta rápida para a intimação, a primeira coisa que veio à sua cabeça foi:

- Você num tem medo não?

Ela pelo visto não esperava essa reação dele. Ela fez uma cara de “e agora?” e respondeu:

- Uai, medo, medo eu não tenho não, já estou acostumada. Mas é ruim dormir sozinha né?

- Que bom então uai, se você já ta acostumada não tem problema. Boa noite e tenha bons sonhos!

No outro dia ele achou que seria zoado por ter pego a menina, mas foi o contrário, a zoação caiu mil vezes maior por ele não ter pegado nos conformes e recusado essa oferta pecaminosa.

Lalinho
Enviado por Lalinho em 24/02/2016
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