O reencontro
Os anos haviam se passado, mas ela nunca havia realmente ido embora. Por problemas tão bobos e pequenos, ela simplesmente se foi, sem dar uma explicação, um motivo, um adeus. O que ela não sabia, e ainda não sabe, é que quando fez isso, simplesmente me quebrou em vários pedaços. Matou um pedaço de mim. Levou tudo aquilo que tínhamos. E então, eu a vejo. Ou vejo alguém que se parecia muito com ela. O mesmo andar, os mesmos traços. E eu sinto vontade de correr até ela. Sinto vontade de chegar lá, sem fôlego, e dizer "você é tudo o que eu tinha, e tudo o que tenho". Sinto vontade de dizer que sinto sua falta, de dizer que nada mais é igual antes, tudo passou a ser tão triste e sem graça. Sinto vontade de lhe dar um grande abraço e recompensar todos aqueles que não demos. Sinto vontade de tê-la de novo, porque nada é como era antes. Mas não faço nada. Continuo naquela calçada, olhando-a do outro lado da rua. Continuo observando-a, enquanto as pessoas passam ao meu redor, desviando. Continuo olhando, esperando que ela vire, que dê um aceno, um sorriso. Mas nada acontece, e tudo está em câmera lenta. Todo o tempo juntas passa na cabeça, todas as risadas e loucuras, e eu não faço nada. Fico parada, e vejo quando ela vai embora. Vai rindo, com uma garota do lado. Vão embora, felizes. E então ela se foi novamente, sem olhar para trás. Ela se foi, igual 2 anos antes, sem dar um "até logo", sem dar uma palavra sequer. Eu continuo parada, vazia e cheia ao mesmo tempo. Vazia de tudo; cheia de lembraças e arrependimento. Novamente a perdi. Novamente a deixei ir. Novamente, sem mais palavras. Apenas as lágrimas que escorrem no meu rosto, enquanto ela vira a esquina e some.
Inspiração: Priscila Aquino