Movimento Parado (*)


Tavaquí sentadim na minha cadera de trabaio, e pur não tê o que fazê, oiano e contano as teia ingresas da barbearia, cheinhas de picumã (**), qui as danada das aranha e a fumaça qui invém lá do fugão de lenha da minha Zica, faiz, qui nem vi o Tenório pregano a tabuleta qui pidi pra ele iscrevê, pra vê se o povo inxerga a minha barbearia. Ela, a tabuleta inté qui ficô joia:
   Barbearia e salão de Seu Argemiro cortume de cabelo 5 real façume de barba tamém. Tenório preguntô se tava bão, falei tá bão Tenório, pra quem é bacaiao basta! Agora é isperá pelos fregueis que anda sumido, oiano esta trenheira (***) ispaiano nas teia inté eu criá corage de tirá, pra Zica fazê remédio.
   Zica é benzedera das boa e conhece um punhado de trem de fazê remédio. E o movimento continua parado pur aqui, mais com a tabuleta ispero miorá.

 

(*) Ouvi esta frase pela primeira vez por meio do meu tio Antonio Pascoal.
(**) Picumã ou pucumã: acúmulo de fuligem misturada com poeira e teia de aranha, usado como remédio caseiro.
(***) Trenheira: Porção de trens misturados

 
Imagem: JEF - casarão antigo em Tiradentes-MG


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