o cumpadre e os "corgo" cheios
- Então cumpade?
- Uh, mais tá bão pra chuvê hein?
- Tá quinem os tempo antigo cumpade!
- Sardade danada cumpade, os corgo tudo cheio....
- Tinha veiz quinóis num vortava pra casa, lembra?
- Uh, tempo dos “Ricardão” das roças.
- Num tindi.
- Uai, deve lembrá sim do causo do coroner Bastião, ora que viu o céu preto desse jeito mandou o Zé Carrero buscá uma carrada de açuca na cidade.
- Num tindi ainda.
- Uai, caquele tanto de corgo cheio, o home gastou quase méis pra vortá, hora que chego sua franga nova já tava imbuxada do coroner.
- Coitado do home cumpade, ficô memo bem infiliz....
- Mais dispois o coroner deu uma boiada rocha prele carmá os chifre.
- Falano in corgo cheio, lembra daquela do Tiadorinho?
- Uai, parece que foi co seu difunto tio que cunteceu, foi memo?
- Eh, ês tava lá pa banda da Cava fazeno catira, iscureceu, o corgo encheu, ficaram sem cumo vortá. Pidiram posada lá na casa do Tunico.
- Ês fala quesse cabra era carne de pescoço cumpade!
- Antão, chegaram já tarde, a muié do home já tinha inté lavado as loca, tomaram um copo de café quente e foram durmi. Ês tava cuma fome de dá dó, o Tiadorinho dispois que todo mundo durmiu foi na cozinha e cumeu um toicinho que viu dipindurado na fumaça do fogão.
- Cumé qui cabô a história cumpade?
- Quando o galo cantô a primera vês, ês tava preparano pra saí de fininho, o Tunico levantô antes pra fazê café, quando chegô na cuzinha deu um grito.
- Quê qui o home gritô cumpade?
- Muié, cadê o toicinho deu passá nas homorróida?
- kkkkkkk
- .....
JOSÉ EDUARDO ANTUNES