Suicidal Tendencie ou a Morte não Planejada do Infeliz

Acordara com o costumeiro gosto de fel na boca-se quer havia absorvido uma única gota daquela manhã-, e uma costumeira tristeza havia envolvido o seu frágil ser.Tinha os olhos vítreos,fixos num ponto qualquer do horizonte,a barba por fazer,acentuando assim a sua horrível aparência de homem vencido,derrotado.

Não havia mais sonhos- a vida estava vazia-,não havia mais razão para continuar vivo.Tomou uma séria decisão: IRIA SE MATAR.

Elaborou uma breve lista de formas de suicídio mais comum.Tudo o que desejava era UMA MORTE rápida e indolor.

Não escovou os dentes,não alinhou os cabelos e não fez a barba,se quer se banhou.Não tirou o pijama e não tomou o café da manhã-e, assim,partiu para a rua.Ali cruzou com executivos bem alinhados e com secretarias charmosas,elegantes.Não deu a devida importância a eles.Seguia firme em busca do seu maior objetivo.

Subiu no elevador de um prédio comercial qualquer no centro da cidade. Chegou ao último andar.Iria se jogar dali.Teria que ser rápido antes que chamassem a polícia,os bombeiros ou a segurança do edifício.Quando olhou para baixo pelo vidro da janela viu os carros miudinhos, as pessoas do tamanho de insetos( pareciam formigas apressadas-porém-desorganizadas e aflitas).Viu,também,um corpo estatelado boiando numa imensa poça de sangue na calçada.Alguém havia sido mais rápido do que ele-e, dali se jogou para a morte.Como a polícia chegaria,em breve momento,saiu dali apressado,pestanejando contra a sua falta de sorte.

Na rua pensou em se jogar na frente de um ônibus quando um deles passasse de forma veloz pela avenida.Desistiu logo.Não suportava ouvir os muitos comentários dos motoristas que falavam a respeito dos incautos que atropelavam e matavam diariamente nas pistas e calçadas.

Chegou em casa e cogitou tomar uma dose mortal de veneno-não havia um se quer por ali. Mais uma vez pestanejou contra a falta de sorte. Uma verdadeira maré de azar.Pensava;" morreria asfixiado,envenenado por gás de cozinha."Descobriu que não havia gás o basante no botijão, quase vazio.

Cortaria os pulsos com a lâmina de barbear." Não cortaria os pulsos com uma lâmina tão emporcalhada,repugnante."

" Está Deus ou o Diabo contra mim? Será que não posso se quer morrer em paz?" Lamentava-se.

" Uma facada certeira no coração...Não.A peixeira estaca cega,velha e enferrujada."

Quando estava desistindo daquela ideia sórdida,mórbida e infeliz encontrou uma velha corda.Fez um laço numa das pontas.Pendurou a corda velha no enferrujado lustre quase centenário,que pendia do teto.Subiu numa cadeira.Pôs,de forma nervosa e trêmulo o laço no pescoço.Balançou o quadril junto com as pernas e derrubou a cadeira.CRACK.

Não,não foi o seu pescoço que havia estalado e partido.Foi a velha corda.Ele caiu sentado,com cara de bobo.Quando se preparava para abrir a boca e proferir mais um reclame o velho lustre despencou do teto,caindo-lhe sobre a cabeça.Abriu um enorme buraco de mais de 20 cm.Despencou com o tronco para trás.O sangue jorrava feito um cano de água estourado,e ali morreu mergulhado numa imensa e vermelha poça de sangue.Infelizmente,havia morrido sem ter encontrado uma eficiente maneira para satisfazer a sua doentia tendência suicida.Ironia que ficasse ali,deitado tendo à sua frente um imenso cartaz na parede da sala que dizia:

" Vinde a mim todos os que estão sobrecarregados e aflitos que eu vos aliviarei."

(jesus)

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 02/01/2016
Reeditado em 16/02/2016
Código do texto: T5498134
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