= A Barata =

Caprichou no visual.

Maquiagem de primeira. Chapinha nas anteninhas. Perfume.

E o vestido brilhante, recentemente envernizado e polido.

Finalmente chegara o dia do encontro tão esperado e desejado.

Para um namoro que prometia.

Naquela ansiedade toda de logo chegar ao local do love,

pegou um atalho. Cortou caminho pelo centro da sala.

Corta para o sofá. Dois olhos míopes, mas atentos a detectam.

Um jato de inseticida e uma chinelada e era uma vez uma Barata.

Custou-lhe caro, muito caro sua ousadia.

Custou-lhe a vida, essa pressa de chegar, o atalho perigoso que escolheu pegar.

Saiu-lhe muito caro sonhar com o Barato.

Terminou ali, mortinha da silva, esmagada e fedida de inseticida.

E humilhantemente para uma pazinha de lixo varrida.

E nem para o lixo foi. Foi jogada por cima do muro, naquele horrivel terreno baldio onde virou comida de formigas.

Ou de calangos ou lagartixas.

As marcas do crime rapidamente apagadas com um pano úmido.

E lá do Além, quase chegando ao Inferno, a Alma Penada da infeliz Barata, xinga, impreca e joga pragas:

- Poeta mardito! Fiducão! Acabou comigo e ainda se vangloria contando a minha triste história no Recanto. Tomara receba de castigo, um monte de "Belo, sensível e reflexivo causo" como comentários.

= Roberto Coradini {bp} =

18//12//2015

BETO bp
Enviado por BETO bp em 20/12/2015
Código do texto: T5485894
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