VALÊNCIA TERRA DO PADROIERO DE lISBOA

Valência tem 22 séculos de história. Em 138 a.C., Valência foi fundada, sob o nome de Valentia Edetanorum, pelos romanos, à época em que era cônsul Décio Júnio Bruto Galaico, É, por isso, uma das mais antigas cidades da Espanha atual. Em meados do século I ocorria na cidade um considerável crescimento urbano, motivado pela existência de um porto, e já começava a formar-se uma primitiva comunidade cristã no início do século IV.
No século V surgiram às primeiras ondas invasivas dos povos germânicos (especialmente dos visigodos), e os edifícios romanos adaptam-se progressivamente a uma cidade cristã. A cidade desenvolveu-se com a ocupação dos árabes, que a conquistaram no ano de 718 Valência era governada por Agréscio quando foi sitiada pelos invasores. Tanto Agréscio, o defensor, como Tariq, o atacante, sabiam que a situação era complexa e negociaram uma capitulação vantajosa para os cristãos, obtendo, tal como sucederia 500 anos depois no sentido inverso, a entrega da cidade aos sitiantes. Todos os habitantes puderam continuar a viver nas suas casas, com direito à prática da sua religião e à sua organização jurídica e administrativa, desde que aceitassem a autoridade política e militar dos conquistadores e o pagamento de impostos.
Atualmente o que reflete na história, com os seus 22 séculos está na sua cidade velha, no Museu da Historia de Valência, e nas suas ruas. Num breve resumo do que Valência é o principal expoente do seu legado que nos remete ao passado.
Valência é a capital da Comunidade Autônoma Valenciana, 3ª cidade mais populosa da Espanha ficando apenas atrás de Madrid e Barcelona, e como tal, acolhe uma riqueza cultural digna de se destacar. Esta é a cidade de belos espetáculos que vão além das Fallas sísmicas e do futebol.
Valência é arte, é ciência, é uma mistura de culturas e entretenimento.
Iniciamos o nosso passeio cultural em Valência e fomos privilegiados, tivemos a felicidade de chegar justo no momento de assisti-la no seu espetáculo das fallas.
As Fallas são uma festa com uma arraigada tradição na cidade de Valencia e povoações circundantes. Atualmente, esta festividade converteu-se num atrativo turístico muito importante. As suas origens são realmente singelas: uma simples queima de restos das oficinas de carpintaria. Mas a inventiva do povo valenciano foi aglutinando todos os traços próprios da sua cultura e história. As fallas são representadas por figuras, modelos ou composição central de vários metros de altura, as maiores podendo superar os 30 metros.
Poder-se dizer que é o carnaval da cidade de Valência, onde toda a picaretagem e crítica se representam nos monumentos (de tal forma que, ao queimá-los, se eliminam simbolicamente os problemas). Dando –nos a entender que, quem canta todos os males espanta. Também nesta festa se une vários aspectos que definem uma cultura, entre eles o. O lume a musica, a pólvora e a rua
Quase em cada rua da cidade há um casal faller (voluntários) que, durante todo o exercício, procura fontes de rendimento para poder pagar a festa e o seu próprio monumento. Além disso, normalmente cada comissão fallera consta também de uma comissão infantil, formada unicamente por crianças, que também colocam a sua própria falla. As fallas infantis medem, como máximo, 3 metros de diâmetro, são compostas por figuras de estética mais próxima ao mundo das crianças e, geralmente, não mostram temas críticos.
Dedicada a São José o protetor dos carpinteiros. Acontece entre 15 e 19 de março, os dias e noites em Valência são uma festa contínua. É desde o dia primeiro de março que se fazem mascletàs, espetáculo de petardos e fogos artificiais, no qual se obtêm composições musicais através do ruído dos canhões de pólvora. Estes espectáculos têm lugar na Praça da Prefeitura, no centro da cidade, às 14 horas. Algumas comissões falleras disparam mascletàs junto aos seus casais durante a semana. É uma tradição folclórica valenciana que surgiu a muitos séculos passados quando o grêmio dos carpinteiros valencianos escolheu um dia da semana para queimar os resíduos das madeiras utilizadas nas carpintarias denominados de fallas. um espetáculo que atrai milhares de turistas. E que vai se ampliando de forma sofisticada e fantástica no decorrer do tempo.
Por outro lado, não podemos esquecer o local de nascimento de São Vicente Ferrer, santo nascido em Valência e por causa dele na cidade de Turia existe uma grande devoção.
Se continuarmos o nosso passeio cultural, encontraremos a Plaza Del Tossal, onde se encontra a Galeria Del Tossal, sede de exposições temporárias, e algumas ruínas do século XI da nossa era que estão muito bem preservados.
Temos que destacar também o Palácio da Música de Valência, localizado ao lado do rio Turia. O Palácio da Música de Valência é um dos pontos nevrálgicos da música em Valência. Ele foi projetado pelo arquiteto José Maria Paredes.
Mas acima de tudo o que foi anteriormente referido, devemos referir a Cidade Velha, centro histórico, a origem daquilo que Valência é hoje. A totalidade do perímetro da antiga cidade, a muralha árabe que a delimita, inúmeros restos arqueológicos encontrados. Tudo isto explica o que um dia foi e é Valência. Inclusive pela afinidade lendária que a une diplomaticamente a Lisboa. através do primeiro padroeiro da capital lusitana como conta a lenda a seguir.

Conta à lenda que no século XII, altura em que os mouros ocupavam a Península Ibérica, os cristãos de Valência quiseram salvar o corpo de São Vicente, martirizado pelos mouros, transportando o corpo do Santo, por mar, para as Astúrias, na altura a única região cristã da Península Ibérica. Nesta viagem, o mar muito agitado forçou os cristãos espanhóis a aproximarem-se da costa e assim chegaram ao Algarve.
Forçados a permanecer no Algarve devido à presença de corsários na costa que os impediram de prosseguir viagem, aí construíram um templo em honra de São Vicente onde o corpo foi sepultado, tendo posteriormente sido formada uma pequena aldeia à sua volta.
Entretanto, na reconquista de território lusitano aos mouros, D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, chegou a terras algarvias enfrentando os ocupantes. Como vingança, estes arrasaram a aldeia dos cristãos de São Vicente. Mais tarde, D. Afonso Herinques receberia a notícia de que os restos mortais de São Vicente estariam sepultados no Algarve. Assim, rumou a Sul para trazer o corpo do mártir para Lisboa, mas quando chegou à aldeia esta estava totalmente destruída, não existindo qualquer sinal do local onde o corpo pudesse estar sepultado.
Foi então que avistou um bando de corvos que sobrevoavam certo lugar e foi nesse lugar que o corpo do Santo foi finalmente encontrado. O corpo seria então transportado de barco para Lisboa em 1176 sempre acompanhado na viagem por dois corvos. Desta história notável, o corvo ficou como um dos símbolos de Lisboa na sua qualidade de guardião da cidade. Ao contrário do que muitos pensam Santo António não é o padroeiro da Diocese de Lisboa, mas sim São Vicente, cuja memória se assinala a 22 de Janeiro. Mais tarde, nas primeiras décadas do século XX era comum avistarem-se à entrada das tabernas e barbearias lisboetas corvos, todos eles chamados Vicente, que eram ensinados pelos seus donos a correr atrás das pernas das senhoras para lhes dar suaves bicadas e a articular pequenas frases, como os papagaios.


(Foto arquivo peddoal falleiros de Valência -março de 2015)
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 23/11/2015
Reeditado em 23/11/2015
Código do texto: T5458578
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.