A VINGANÇA DE JORGINHO
Jorginho era daqueles meninos de sete anos miúdos e por ser assim e franzino, sofria nas mãos dos mais crescidos, não só dos colegas da escola como nas dos colegas do conjunto residencial onde morava.
Se acaso chegasse junto à turma, comendo algo que fosse, ou lhe pediam uma fatia, ou às vezes até lhe tomavam seu petisco todo e ainda lhe aplicavam "cascudos" com o nós das mãos fechadas, mesmo que em forma de brincadeira. O menino era uma vítima constante e indefesa.
Aquela tarde, porém ele teria seu dia da vingança.
Todos sentados à sombra de uma árvore e ele chega fingindo mastigar e com duas cocadas às mãos e algumas balas no bolso:
- E aí pivete? Tá comendo o que? Dá um tasco pra galera, vai - Disse levantando-se, Geraldinho o mais forte e abusado de todos.
- Tudo bem – respondeu o guri – não precisa avançar, tem para todo mundo (eram mais ou menos uns oito garotos).
Assim partiu as cocadas, distribuiu os pedaços entre os gulosos e também as balas que trazia no bolso.
Esperou que todos acabassem de engoli-las e depois:
- E aí, estavam gostosas?
- Pô pivete! Muito gostosas amanhã pode trazer mais que a gente traça e nem precisa oferecer, a gente toma, kkkkk!
- Que bom saber que vocês gostaram, pois assim agora tenho certeza que Cosme e Damião também gostaram. – afirmou ele.
- Como? Cosme e Damião por que?- Perguntou Geraldinho.
- Porque essas balas e cocadas eu peguei em um pratinho que alguém depositou lá no jardim da praça e que minha mãe disse que era despacho de macumba kkkkk.
E saiu em disparada deixando todos de olhos arregalados e enfiando os dedos nas goelas tentando provocar vômitos.
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