A MULHER DE BRANCO ( Causo Iaçuense / 1)

Era uma noite como outra qualquer, década de 80, no Colégio Municipal Castro Alves, atualmente no local funciona a Escola Municipal Teotônio Pereira Coimbra, localizado à rua Castro Alves, estudantes acomodados em sala , enfileirados, pois a direção era muito rígida. E uma das lutas travadas era combater o tabagismo na escola. Se fumasse nas suas dependências logo seria delatado e punido com suspensão por um prazo determinado pela direção. E não é que alguns alunos espertinhos usavam o banheiro para alimentar o vício?

Devido esse problema bem recorrente no turno noturno, os professores em horário vago percorriam os diferentes locais daquela escola. E foi justamente numa dessas “batidas” ao banheiro feminino, localizado no pavilhão de baixo, que esse fato aqui narrado se sucedeu.

Uma professora ao passar fazendo sua ronda próximo ao banheiro sentiu o cheiro do cigarro. Sorriu na certeza de que pegaria uma aluna fumante cometendo um ato de delito. E na pontinha dos pés fica aguardando a “aluna rebelde” sair. Como sentiu que estava demorando, resolveu invadir o recinto…

E o que a professora viu entrou para a história de nossa Iaçu. Segundo o relato que correu de boca em boca, havia uma mulher de branco no banheiro, uma criatura totalmente desfigurada com algodão na boca e nos ouvidos…

Em desespero a professora saiu gritando:

_ TEM UMA MULHER DE BRANCO NO BANHEIRO!

Quando um fato como esse se passa dentro de uma escola… o portão do Colégio Municipal Castro Alves foi aberto rapidamente, pois ficou pequeno para conter todo o alunado noturno em pânico por conta da tal Mulher de Branco vista pela professora que ficara em estado de choque.

Como esse causo surgiu de uma pessoa responsável, não teve como duvidar da veracidade. No dia seguinte a direção da escola convidou um padre e no turno matutino, no "Pavilhão de Baixo", como é conhecido, ocorreu uma missa. Talvez, na tentativa de tranquilizar os alunos do noturno e expulsar de vez a criatura do banheiro. Ah, o pequeno banheiro passara a ser frequentado por "caravanas" de estudantes, ninguém tinha coragem de ir lá sozinha, sempre em grupos. Mas, voltando à missa, confesso, fiquei com um olho na celebração e outro no portão da saída... Achava que a qualquer momento a Mulher de Branco apareceria para interromper a missa. Ela não apareceu, mas o que foi de histórias depois...

Porque para tudo procura-se uma explicação e a curiosidade do momento era: Quem era o fantasma de branco que apareceu no banheiro feminino daquela escola? Teve quem afirmasse que a Mulher de Branco era uma estudante que estava noiva e que havia falecido de forma inesperada. Caso que nunca foi confirmado por quem ficou “cara a cara” com a tal. Outros diziam que a Mulher de Branco era uma professora que havia ensinado muito tempo no colégio, também não se confirmou. A única certeza é que essa criatura já fez outras aparições e o seu alvo é sempre professora no referido pavilhão.

A Mulher de Branco já faz parte da história desse lugar. A única pista deixada é que ela não aparece para fazer o mal, mas para chamar a atenção para algo. O quê? Ainda é um mistério que está longe de ser desvendado. Porque dizem que "A Mulher de Branco" corre o mundo. Por que digo isso?

Ora, na última aparição dela, já no final da década de 90, uma professora ficou apavorada com uma investida que sofreu no mesmo pavilhão… ela acredita ter sido A Mulher de Branco quem a fez derrubar todo o material que carregava ao assoprar com força o seu ouvido. No entanto ao retornar ao local da investida quase no mesmo instante, dessa vez acompanhada de alguns estudantes que não sabiam do ocorrido… os livros, apagador, caixa de giz, caderno… tudo estava arrumado no mesmo lugar em que ela havia sofrido o assédio do além.

- Que fantasma educado!

Abraço baiano,

Elisabeth Amorim*

* Há muitos causos ocorridos na pacata Iaçu que viraram lendas. Até o final de agosto(mês do Folclore) estarei apresentando "alguns causos iaçuenses" que estão no blog "toque poético" com pequenas atualizações da própria autora.