Zé Perequeté
O menino tinha o apelido de Zé Perequeté. Zé de José Filho, e Perequeté de traquino, da perturbação que dava desde pequeno.
Na travessa da rua que dava à residência do prefeito, havia uma carroça bem na frente da casa. Nesta, havia pessoas numa conversa boa.
O menino perguntou ao pai:
_ O Seu Juarez é carroceiro?
E o pai, escondendo a vergonha numa tosse:
_ Não, filho! Ele foi carroceiro, mas já faz muito tempo!
E o pai ficou calado de cabeça baixa.
O menino levantou da cadeira e caminhou até a porta que dava para a sala.
O pai pediu:
_ Zé, venha sentar!
Mas o menino apenas sentou numa cadeira perto de onde estava.
O pai levantou, foi até onde estava o menino e disse em tom baixo, porém firme:
_ José Filho, sente perto de mim novamente. Agora!
O menino fez cara de zangado, mas seguiu o pai.
Já sentado na cadeira, perguntou:
_ E a carroça agora é do filho do prefeito?
O pai, que era calmo, mas nem tanto, levantou rápido e puxou a orelha do menino.
_ Vamos para casa, Zé Perequeté!
E, então, as outras pessoas que se encontravam sentadas e conversando na calçada da casa, disseram:
_ Ora, ora esse menino! Esta carroça é uma relíquia da cidade.
Adiante, no burburinho que se ouviu da conversa dos dois na rua, o menino balbuciou:
_ Mas, pai, o Senhor não diz que sua tarrafa vai ser minha quando o Senhor ficar velho? Então, pensei que...
E as desculpas de Zé Perequeté ficaram perdidas ao som dos passos que se afastavam...